22 DE FEVEREIRO DE 2013
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — … fruto das alterações legislativas que introduziu, que aumentam o número
de alunos por turma, eliminam disciplinas, aumentam a carga horária e a componente letiva dos professores e
alteram a organização do ano letivo, por forma não a melhorar a qualidade do ensino e a capacidade de
aprendizagem dos estudantes, mas, antes pelo contrário, a fragilizá-las e a criar o espaço para que a escola
privada se afirme como alternativa.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Essa é a grande missão do seu Ministério, essa é a grande missão deste
Governo: atacar e corroer a escola pública como pilar da democracia, convertê-la num mero instituto de
formação profissional para os filhos de quem não pode pagar o ensino privado, onde, aí sim, deixará
reservada a qualidade, porque qualidade na escola pública, Sr. Ministro, se ainda existe — e existe muita —, é
contra o Governo, é na resistência, ela existe apesar das políticas do Governo.
De facto, a qualidade na escola pública existe, apesar da sua campanha contra a escola pública, não por
força da política do seu Governo mas, sim, por força da persistência dos profissionais, da persistência e
perseverança dos estudantes, dos funcionários não docentes das escolas — e tudo isso encontra sempre no
seu Governo um obstáculo e não um apoio.
São 14 000 professores a menos, o maior despedimento coletivo de que há memória no nosso País — e
esta marca não abandonará o seu Ministério e o seu legado.
Sr. Ministro, contrariamente ao que aqui nos disse, um conjunto de efabulações, assistimos, sim, a
despedimentos, cortes no financiamento, privatização do ensino, cortes no ensino superior e na ciência. E
sobre a carreira de investigação, o Sr. Ministro disse-nos aqui que o Investigador FCT promove a carreira? Sr.
Ministro, o Investigador FCT é precisamente o mecanismo que o Governo encontrou para não abrir a
carreira,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — … para não permitir que haja carreira de investigação, em Portugal, para
acabar também com esse pilar fundamental da nossa democracia e da nossa economia, que é o sistema
científico e tecnológico.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Sr. Ministro, sobre o concurso de professores, também gostava de lhe dar
nota que, depois de todas as declarações do CDS, partido que prolifera no seu Ministério, que dizia que ia
contratar os professores com mais de 10 anos de serviço, vir aqui apresentar 600 vagas é, no mínimo, uma
posição de grande descaramento.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Termino, Sr.ª Presidente, dizendo (se me conceder 10 segundos de
tolerância) que esta escola que o Sr. Ministro está a criar não é uma escola orientada para a formação da
cultura integral do indivíduo, para a emancipação individual e coletiva; é uma escola criada para que os filhos
dos que podem pagar sejam ensinados a pensar e todos os outros sejam apenas ensinados a cumprir ordens
e a nunca, nunca, nunca, questionar essas ordens.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Sá.