8 DE MARÇO DE 2013
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Quando se quebram salários, o que tem sido a opção deste Governo, é do pior que se pode fazer à
economia e, promovendo quebra da economia e recessão, gera-se mais desemprego. Entramos assim numa
bola de neve que não tem fim. Não tem fim porque estas medidas e estas opções políticas são permanentes e
continuam, e, Sr.ª Deputada, parece que para serem estruturais.
Isto é extraordinariamente preocupante porque essa conversa da transitoriedade é conversa no ar, é
conversa para ver se pega, para tentar convencer alguém daquilo que se sabe que ninguém se pode
convencer! Este estado de pobreza estrutural de um País não pode continuar e que tem de ser combatido.
Quando falamos de baixos salários, falamos necessariamente de quebra de dignidade e de condições de
vida das pessoas e da incapacidade de muitas pessoas neste País (e nós sabemos disto) de poderem
assegurar as suas necessidades básicas e as dos seus dependentes. Isto é extraordinariamente preocupante!
Fala-se da questão do salário mínimo nacional, do seu aumento ou não, mas há uma coisa que é verdade:
o Sr. Primeiro-Ministro assumiu que, pela lógica das coisas, o lógico seria baixar o salário mínimo nacional.
Disso não há dúvida absolutamente nenhuma! Não estou a dizer que disse que o ia fazer. Ele entendeu que,
na sua lógica e face à lógica que está a introduzir no País, aquilo que seria normal e sensato, na sua
perspetiva, seria a diminuição do salário mínimo nacional. E veja-se bem que até parece que vai fazer um
grande favor ao País em não fazer essa quebra nominal do salário mínimo nacional, porque a quebra real faz
de facto, quando não o aumenta.
Depois, vêm depois os senhores da maioria fingir que dão uma grande importância à questão da
concertação social e que é necessário levar estas coisas à concertação social. Já foi! Já foi decidido!
Vozes do PCP: — Como é óbvio!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — A Sr.ª Deputada já o disse e já se disse aqui tantas vezes, na
Assembleia da República, desde o ano passado, que, pelo menos, o salário mínimo nacional deveria ser de
500 €. E dizem os senhores assim: «Não foi por causa da crise».
Sr.ª Deputada, este argumento já é tão cansativo: não há dinheiro, não há dinheiro! Mas há sempre
dinheiro para o sistema financeiro! Houve dinheiro para salvar o sistema financeiro e não há dinheiro para a
sustentabilidade social deste País?!
A primeira componente da lógica ideológica deste Governo, que era salvar o sistema financeiro, está feita.
A segunda componente é quebrar o Estado social, as funções sociais do Estado, e é para isso que o Governo
agora vai trabalhar. É para isso que o Governo está a pedir mais tempo, para ter mais tempo para cortar no
Estado social. Não podemos admitir isto, Sr.ª Deputada!
E, depois, ainda ontem o Sr. Primeiro-Ministro veio aqui dizer, quase com um sorriso largo nos lábios, que
90% dos pensionistas deste País recebiam menos de 600 €.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada, queira terminar. A Mesa distraiu-se mesmo, não é generosidade.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr.ª Presidente, dizendo que um Primeiro-Ministro
devia envergonhar-se ao afirmar que 90% dos pensionistas deste País recebem menos de 600 €, pensionistas
esses que estão hoje pior do que estavam há uns poucos anos atrás na medida em que pagam pela mais
saúde,…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … pagam mais pela energia, pagam mais IVA pelos produtos
alimentares, pagam mais pelo gás, pagam mais por tudo e estão destroçados nas suas vidas.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, para responder.