I SÉRIE — NÚMERO 63
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um efeito contraproducente sobre o emprego. É, de resto, contraditório, paradoxal e demagógico — para dizer
o mínimo — que, na passada sexta-feira, o Partido Socialista tenha proposto o aumento do salário mínimo,
depois de ter limitado esse aumento no Memorando de Entendimento que assinou com os nossos credores, e
volvidas escassas semanas da apresentação dos projetos do PCP e do BE, a favor dos quais, afinal, bem
poderia ter votado, o que não fez! E isto, valha a verdade, diz muito sobre a seriedade desta proposta.
Aplausos do PSD.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em maior número e detalhe são, todavia, as propostas que o
Partido Socialista assumiu como suas, mas que, na verdade, este Governo há muito já fez sair do papel.
Vejamos: O Partido Socialista propôs o aumento das pensões mais baixas, depois de ter tratado de
congelar todas as pensões, mesmo as mais baixas. Saudamos, pois, o PS pela preocupação que agora
demonstra, mas relembramos que foi este Governo que descongelou as pensões mínimas, e, à data, não nos
recordamos de ter visto o Partido Socialista com especial preocupação.
O Partido Socialista propôs ainda a criação de um banco de fomento, uma ideia que está — como, aliás, é
sabido e público — a ser concretizada por este Governo, que, entretanto, foi já lançando mão de várias
medidas e linhas de crédito para atender às necessidades de financiamento das empresas e minimizar as
restrições de crédito existentes.
Lembremo-nos, só a título de exemplo, da linha PME Crescimento, das linhas de crédito para o turismo, do
Fundo JESSICA, ou da linha Investe QREN.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista veio ainda a este Parlamento sugerir ao
Governo que mobilize fundos comunitários para criar um programa de qualificação e formação profissional,
destinado aos desempregados que não têm qualquer proteção social. Mas esqueceu-se que o Governo já fez
uma aposta séria e decidida na formação destinada à melhoria das qualificações destes desempregados,
expressa no acordo tripartido da concertação social, em janeiro de 2012. Mas fez mais: lançou um Plano de
Emergência Social, que vai muito, muito além de qualquer medida pontual que, a este propósito, se apresente.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — E, finalmente, porque uma declaração política não comporta o tempo
e a serenidade do debate que sempre faríamos numa comissão parlamentar, o PS propõe, designadamente, a
renegociação dos juros a pagar pelos empréstimos obtidos. Chega a ser caricato ver o Partido Socialista —
logo o Partido Socialista! — fazer esta proposta. É que o Governo já renegociou os juros dos empréstimos
com a troica! E ninguém se lembra de ver o Secretário-Geral do Partido Socialista reclamar o elevado valor
dos juros à data em que o anterior Governo os negociou.
Aplausos do PSD.
Mas o certo é que, logo em julho de 2011, este Governo, negociou os juros acordados e alcançou uma
poupança na ordem dos 800 milhões de euros.
Vozes do PS: — Não é verdade!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O debate sobre o País que
queremos, uma vez recuperada a nossa soberania financeira, é um debate que, pela sua natureza e alcance,
demanda um especial consenso político, particularmente dos partidos do arco da governação, e que exige e
convoca a presença efetiva e participada de todos. É, portanto, particularmente grave que, aprovada nesta
Assembleia a constituição de uma comissão para debater a reforma do Estado, o principal partido da oposição
se demita dessa empreitada e se furte ao debate e ao compromisso. E não deixa de ser sintomático que, para
colmatar essa sua ausência, o Partido Socialista se proponha abrir e fechar esse debate numa manhã,…
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — O Primeiro-Ministro não veio cá! Faltou!