8 DE MARÇO DE 2013
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Quando os senhores falam, da tribuna, de credibilidade, certamente que terão credibilidade junto da troica
ocupante, porque se apresentam como os bons alunos que estão a arruinar o povo e o País em nome do que
a troica vos manda cumprir. Mas se perante a troica ocupante os senhores se apresentam com uma imagem
de credibilidade, à face do povo os senhores não têm legitimidade para cumprir o programa político que estão
a cumprir!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — E quanto mais tarde os senhores perceberem isso, maior vai ser a
resistência que vão encontrar por parte do povo português.
Convença-se de uma coisa, Sr.ª Deputada: os portugueses vão derrotar este Governo, vão derrotar o pacto
e vão construir uma política alternativa para o País!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Francisca Almeida.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Sr.ª Presidente, começo por responder ao Sr. Deputado José
Junqueiro, dizendo-lhe que é preciso alguma audácia para fazer a intervenção que o Sr. Deputado fez. Dizer
que estamos hoje pior do que estávamos no dia em que pedimos ajuda externa, dizer que estamos hoje pior
do que no dia em que o seu Ministro das Finanças disse que não havia dinheiro para pagar os salários aos
funcionários públicos, repito, é preciso ter alguma audácia para dizer um dislate dessa natureza na Assembleia
da República.
Aplausos do PSD.
Sr. Deputado, no que diz respeito ao desemprego, é até curioso que o Sr. Deputado refira essa matéria
dessa forma, porque penso que deverá lembrar-se de o anterior Primeiro-Ministro, José Sócrates, quando
tomou posse, ter dito que herdar 7,5% de taxa de desemprego era bem a marca de uma governação falhada.
Ora, nós lembramo-nos que ele foi um Primeiro-Ministro que foi capaz de quase duplicar essa marca, numa
altura em que as condições económicas e financeiras não eram sequer comparáveis com aquelas que
estamos a viver hoje. Portanto, Sr. Deputado, o que lhe peço é algum cuidado quando faz este tipo de
comparações.
Ainda quanto ao desemprego, ainda bem que coloca essa questão em cima da mesa, Sr. Deputado,
porque quero dizer-lhe, com toda a franqueza, que este Governo pretende responder ao desemprego de uma
forma estrutural — de facto, a questão é estrutural — através de reformas estruturais.
Contrariamente ao que os senhores fizeram — vinham aqui sucessivamente, de 15 em 15 dias, anunciar o
que nunca saiu do papel, mas que eram capazes de anunciar várias vezes —, estamos a empreender
reformas nos setores da justiça, da saúde, da legislação laboral, da política de habitação, da economia, que
respondam de forma estrutural a este problema, reformas capazes de criar condições para atrair investimento,
criar empresas e criar emprego.
Dir-me-á que não é imediato. Não é. Mas estamos a criar condições para que isso aconteça e queríamos
que os senhores participassem desse programa, mas os senhores põem-se à margem nessa matéria.
Gostaria de dizer-lhe ainda, Sr. Deputado, relativamente ao facto de ter sublinhado que o Governo acolheu
muitas das propostas do Partido Socialista, que penso não valer a pena discutir a paternidade dessas
propostas porque, quando estamos realmente preocupados com o País, pouco importa de que lado é que elas
vêm. Mas é evidente que o Governo as acolheu, porque a maior parte delas já estão no terreno, Sr. Deputado,
pela mão deste Governo.
Por fim, quando o Sr. Deputado refere a falta de sensibilidade social deste Governo, deixe-me recordar-lhe,
porque, pelos vistos, não terá estado tão atento à intervenção que fiz — com esforço, porque ponho esmero
em tudo o que faço, tal como o Sr. Deputado, com esforço, tentou defender as suas propostas —, que foi o
seu Governo que congelou as pensões mínimas, que nós descongelámos.