14 DE MARÇO DE 2013
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É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que gostaríamos de lhe colocar esta primeira pergunta: olhando para o
agravamento da situação, que se tem acentuado, se a receita é a mesma, qual é o resultado? É capaz de
explicar aos portugueses, por exemplo, àqueles jovens que se encontram nas galerias a assistir à sessão e
que estão a aprender as regras da Matemática, como é que, aplicando a mesma receita, consegue resultados
diferentes?
Sr. Primeiro-Ministro, tenha consciência de que os resultados vão ser piores!
Mas responda, esclareça esta conceção da quadratura do círculo! Se o conseguisse, com certeza
receberia um prémio Nobel. Infelizmente, quanto muito, poderá receber o prémio do melhor ilusionista,
tentando resolver um problema e uma contradição insanável.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, dá-se neste Conselho grande destaque a dois
eixos que demonstram a incongruência e a hipocrisia da União Europeia. Por um lado, este Conselho Europeu
centra-se na definição das orientações que os Estados-membros devem implementar nos respetivos
orçamentos nacionais, nos respetivos planos nacionais de reforma, neste processo. Ou seja, no Semestre
Europeu está incluído tudo o que é metas, programas a cumprir, sanções em caso de incumprimento, isto é,
os eixos da política de austeridade.
Por outro lado, este Conselho parece querer dar a ideia de que a sua principal preocupação é, agora, o
impacto social da crise, nomeadamente na questão do desemprego e, em particular, do desemprego juvenil.
É claro que, para satisfazer também a bancada do PS, lá está a regulação inteligente, o défice inteligente, a
austeridade inteligente.
Sr. Primeiro-Ministro, não acha que, com tanta inteligência, cada vez estamos a ficar pior? Isto não será
inteligência a mais?
Em relação à questão do desemprego da juventude, veja-se a tão propagandeada garantia para a
juventude apresentada como uma medida importante, quase emblemática, para combater o desemprego,
sobretudo entre os jovens.
É óbvio, Sr. Primeiro-Ministro, que é preciso dar garantias aos jovens. Mas como é que se pode defender
os direitos da juventude quando, ao mesmo tempo, se fala neste instrumento, quando se defende e impõe a
flexibilização das relações laborais,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … se promove o encerramento de milhares de empresas, se cria a
falta de saídas profissionais, se institucionaliza a precariedade, se nega o direito à habitação e se empurram
os jovens licenciados para um calvário que oscila entre os estágios não remunerados, bolsas miseráveis e
trabalho a recibo verde? Diga-me lá, Sr. Primeiro-Ministro, como é que se garante o futuro aos jovens com
este plano de destruição de emprego dos jovens?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, não o acompanho quando
diz que no Conselho Europeu utilizamos uma espécie de eufemismo para manter uma receita que só pode dar
maus resultados.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Está à vista!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não o acompanho nesse aspeto, Sr. Deputado.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.