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I SÉRIE — NÚMERO 65

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Podemos ir afinando as nossas políticas de modo a garantir que os resultados possam ser tão mais

próximos quanto possível daquilo que eram as nossas metas ou os nossos desejos, mas não podemos,

evidentemente, garantir que todos os resultados sejam alcançados.

Mas há um resultado que nunca prometerei. Ao contrário, por exemplo, do Sr. Deputado António José

Seguro, que consegue dizer de forma absolutamente séria que resolve o problema orçamental pondo a

economia a crescer,…

O Sr. Mota Andrade (PS): — Isso é mentira!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … nós sabemos que não é possível ter políticas de austeridade e de restrição

sem que isso tenha efeitos recessivos. Sabemos disso, Sr. Deputado!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — E vai daí?…

O Sr. Primeiro-Ministro: — Não conheço governo nenhum, seja ele de esquerda ou de direita, mais liberal

ou mais conservador, que quando adota políticas restritivas o faça com o intuito de promover a recessão e,

portanto, a degradação das condições sociais.

Creio que o Sr. Deputado tem a distância suficiente, como político, para reconhecer que não há governo

nenhum que estabeleça como propósito criar uma situação recessiva e de desemprego.

Protestos do PCP.

Não conheço qualquer processo de ajustamento económico que tenha gerado, no curto prazo, crescimento

e emprego, Sr. Deputado.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Justamente!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, o Partido Socialista acha que sim, acha que a receita é essa e

que se combate a crise aumentando a dívida e, evidentemente, o défice público também.

Protestos do PCP.

Mas, Sr. Deputado, essa receita tem os resultados que são conhecidos. Sabemos o que é que aconteceu

quando vários países europeus, em 2009, resolveram expandir os seus orçamentos. Há uma parte da crise

que hoje estamos a viver que se deve justamente a essa decisão, que não foi devidamente pensada.

Não é que as pessoas, julgo eu, estivessem mal-intencionadas, mas não reconhecer a consequência, isso,

sim, é não aprender com os erros.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Está a falar de si?

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, aprendemos com os erros próprios e com os erros alheios. Esse

é um sinal de inteligência. Estar a somar dívida e défice a um país que tem défice e dívida não promove

crescimento de coisa nenhuma nem emprego de coisa nenhuma!

Protestos do PCP.

Sabemos que o ajustamento que estamos a realizar tem estas consequências de curto prazo e sabemos

que temos de as ultrapassar, não apenas fixando a expectativa de que haveremos de sair desta crise, mas

cuidando também dos impactos negativos que estas políticas de curto prazo sempre importam no curto prazo.

Mas, Sr. Deputado, não há milagres!