O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 65

16

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Onde é que vai cortar os 4000 milhões de euros que tem anunciado e

que significarão, do nosso ponto de vista, mais recessão, mais desemprego, mais desigualdades e mais

pobreza?

Se não é assim, diga onde é que vai cortar.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, a propósito da questão que

citou, eu não seria tão imediato no sentido de dizer que temos aqui uma contradição insanável. É que

concordo com o que o Sr. Deputado afirmou: para crescermos temos de produzir mais. E temos de exportar

mais, acrescentaria eu. Temos, por essa razão, de ser mais competitivos. Em suma, temos de ser mais

produtivos e mais competitivos. Sr. Deputado, não vejo onde está a contradição insanável. Estou de acordo

com o Sr. Deputado.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Também temos de produzir para o mercado interno.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, se vivemos no mesmo mundo e se temos os pés assentes na terra,

saberemos que, para produzir mais, necessitamos de ter financiamento para produzir o investimento

necessário de forma a atingirmos esse objetivo. O Sr. Deputado concordará comigo.

Protestos do PCP.

Não conseguimos produzir mais a partir de nada. Temos de ter condições de investimento e de

financiamento para produzir mais.

Protestos do PCP.

Mas repare, Sr. Deputado, que o grande problema que temos é justamente esse. É que a generalidade das

empresas portuguesas e o País não têm condições de financiamento para poder expandir a sua produção.

Protestos do PCP.

O Sr. Deputado sabe que não há capital necessário no País para produzir esse resultado. Mesmo que o Sr.

Deputado tenha uma objeção de natureza axiomática ou ideológica relativamente a fontes de financiamento, a

realidade do País é esta: não temos o financiamento necessário. E não é só o Estado; é o Estado e os

particulares, os privados.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Dê menos dinheiro à banca!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, precisamos de atrair o investimento externo e precisamos também,

evidentemente, que investidores externos, mesmo que não invistam diretamente em Portugal, o possam fazer

de uma forma mediata, através do nosso sistema financeiro.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — O sistema financeiro fica com tudo!

O Sr. Primeiro-Ministro: — É isso que procuramos fazer, Sr. Deputado. Quando dizemos que procuramos

obter um efeito positivo nos custos de financiamento para as famílias e para as empresas, através de um

processo que traga menos risco e menos custos para a dívida pública portuguesa, isso significa que estamos

a promover as condições de investimento em Portugal para que a economia também possa crescer.