I SÉRIE — NÚMERO 68
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a diversas maldades feitas aos funcionários e funcionárias públicas, desde logo, com a alteração da lei das
carreiras, vínculos e remunerações, que efetivamente abre a porta às rescisões agora apresentadas.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Mas o que gostaria de registar, Sr.ª Deputada, é o silêncio cúmplice da direita sobre esta matéria. A direita não se envergonha que o seu Primeiro-Ministro tenha apresentado um
plano, com pompa e circunstância, que não conseguiu juntar mais de 30 pessoas para o ouvir. A direita não se
envergonha da situação de se estar a propor a pessoas que ganham 625€, em média, rescisões amigáveis, ou
seja, despedimento coletivo. Chamem lá o que quiserem, mas o que aqui se trata, para estes trabalhadores,
especialmente para os menos qualificados, com 30 e mais anos de serviço, com uma faixa etária acima dos 45
anos, é exatamente o despedimento coletivo. E a cumplicidade dos Grupos Parlamentares do PSD e do CDS-
PP, através do seu mórbido silêncio, é visível. Não sei se apenas é cumplicidade ou, quiçá, diria, algum
incómodo. Não sei, mas o ar circunspecto não nos agoura grande saída para esta situação.
Portanto, a saída é só uma: não só a da contestação dos serviços, como a da contestação da população. A
defesa dos serviços públicos, já aqui afirmei e reafirmo, a defesa dos serviços públicos de qualidade é a
defesa da democracia. É exatamente nessa batalha que estamos e é essa linha que separa esta bancada da
esquerda das bancadas da direita.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr.as e Srs. Deputados, terminado que está o período das declarações políticas, passamos ao ponto dois da nossa agenda, que consiste no debate conjunto da proposta
de lei n.º 127/XII (2.ª) — Procede à sexta alteração à Lei n.º 63-A/2008, de 24 de novembro, que estabelece
medidas de reforço da solidez financeira das instituições de crédito no âmbito da iniciativa para o reforço da
estabilidade financeira e da disponibilização de liquidez nos mercados financeiros, e do projeto de lei n.º
350/XII (2.ª) — Cria condições para a melhoria do financiamento às empresas no âmbito da ajuda aos bancos
por parte do Estado (BE), na generalidade, e ainda do projeto de resolução n.º 613/XII (2.ª) — Cria condições
para a dinamização do financiamento à economia no âmbito da ajuda pública aos bancos (BE).
O Sr. Deputado Eduardo Cabrita pediu a palavra para que efeito?
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Para uma interpelação à Mesa, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr. Presidente, na qualidade de Presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, gostaria de dizer que esta iniciativa do Governo é particularmente
relevante, tal como são as duas iniciativas agendadas pelo Bloco de Esquerda. Hoje, por consenso, em sede
da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, onde foram discutidos os relatórios sobre
estas iniciativas, todas as bancadas manifestaram a perplexidade com a grelha que foi atribuída a este debate
sobre temas relevantes, que dá a cada bancada 3 minutos para usar da palavra, sendo que sobre essa
matéria foi transmitida uma nota à Sr.ª Presidente da Assembleia da República.
Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Muito obrigado, Sr. Deputado. A nota já foi transmitida à Sr.ª Presidente. Como sabe, Sr. Deputado, a grelha de cada ponto é discutida e consensualizada em Conferência
de Líderes. Foi o que aconteceu.
Para apresentar a proposta de lei, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das Finanças.