I SÉRIE — NÚMERO 71
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disciplina de Educação Física e da atividade extracurricular do desporto escolar, bem como da inexistência de
um crédito horário mínimo, em todos os ciclos, para a disciplina de Educação Física e desporto escolar.
São estas as três premissas que não só estiveram na origem desta desvalorização cabal do Governo
relativamente à prática de desporto no espaço escola como dizem também daquilo que é para o Governo
importante promover dentro da escola pública.
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, importa sublinhar ao mesmo tempo que, à semelhança do que foi feito
com muitos outros diplomas durante esta reforma da matriz curricular, o Governo fez, uma vez mais, uma
consulta «para inglês ver», uma consulta faz de conta sobre esta matéria à Associação Portuguesa de
Professores de Educação Física (APPEF), pois nada teve em conta sobre aquilo que lhe foi dito e nem sequer
considerou a importância desta disciplina para a formação integral do aluno.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
É neste debate que importa ainda salientar a diferença entre a visão da maioria e a do Partido Socialista
sobre esta matéria, que tem a ver com a função da Educação Física na formação integral do indivíduo e da
responsabilidade da escola pública de promover estilos de vida saudáveis, da discriminação curricular que
esta alteração promove entre o que é dispensável e o que é essencial para o sucesso do indivíduo e a
promoção da cultura do desporto a partir das escolas.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem mesmo de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — Sr.as
e Srs. Deputados, esperamos que este apelo sincronizado de
pedagogia faça o Governo alterar a matriz curricular e atribuir um crédito mínimo em todos os ciclos para a
disciplina de Educação Física, valorizando-a, porque o Governo não terá educação com o que está a fazer na
educação.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do Partido
Comunista Português, gostaria de saudar o Conselho Nacional de Associações de Professores e Profissionais
de Educação Física (CNAPPEF), a Sociedade Portuguesa de Educação Física (SPEF), todos aqueles que
assinaram a petição e, em especial, aqueles que se encontram, nesta tarde, a acompanhar este debate nas
galerias da Assembleia da República.
É a segunda vez que a Assembleia da República discute esta matéria. Em julho de 2012, o PCP
apresentou um projeto de resolução de resolução exatamente para garantir a valorização do papel da
Educação Física e do desporto escolar na formação integral do indivíduo, mas também para apelar à
manutenção da carga letiva no 3.º ciclo da Educação Física, bem como para que se mantivesse que a nota da
disciplina de Educação Física continuasse a ser tida em conta na média global do secundário e na média de
acesso ao ensino superior.
Infelizmente, em julho de 2012, o PSD e o CDS chumbaram o projeto de resolução do PCP e, por isso,
esta petição permite que, mais uma vez, sejamos chamados a discutir e a intervir sobre esta matéria.
Devo dizer também que esta medida é inseparável de uma política em curso neste Governo de
desvalorização da escola pública e do seu papel, com o objetivo maior de redução dos horários e de
despedimento de milhares de professores na escola pública.
Importa também dizer — e é um princípio que o PCP assume — que a Educação Física e o desporto
escolar têm um papel determinante no combate ao abandono e ao insucesso escolar, bem como contribui, em
larga medida, para proporcionar a milhares de estudantes a única oportunidade de contacto com a Educação
Física e com a prática desportiva sem terem de pagar para isso.