I SÉRIE — NÚMERO 74
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Artur Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr.ª Presidente. Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por agradecer à Sr.ª
Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia o facto de ter trazido novamente esta matéria a Plenário, embora
com diferentes roupagens.
Começo logo por esclarecer um equívoco que parece que lavra neste Plenário, que é o de que esta medida
não se destina ao encerramento das grandes superfícies. Não! Na iniciativa refere-se «os estabelecimentos de
venda ao público e de prestação de serviços, incluindo os localizados em centros comerciais». Ou seja, é para
tudo — o tal pequeno comércio, que os senhores dizem que esta medida ia proteger, também encerra.
Vozes do CDS-PP: — É verdade!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Já encerra! Já encerra!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Encerra porque quer.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Seja sério!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, agradeço-lhe ter trazido este tema porque
permite, mais uma vez, clarificar as águas, esclarecer posições e mostrar onde é que estamos.
No momento que o País atravessa, em que a economia está mal, em que sabemos que é nesses dias
precisamente que o pequeno comércio, o comércio a retalho, esteja dentro ou fora das grandes superfícies,
mais fatura, porque a população, beneficiando do feriado, os milhões de portugueses que não trabalham na
área do comércio e que, nesse dia, têm uma efetiva folga, aproveitam para passear e gastar um pouco mais.
Ora, é nesses dias especiais que os senhores querem encerrar e comprometer até a viabilidade de muitos
estabelecimentos e de milhares de postos de trabalho!?
Em zonas, por exemplo, como o Algarve, o cumprimento desta iniciativa conduziria, eventualmente, ao
encerramento, à ruína e à perda de postos de trabalhos de centenas de estabelecimentos.
Vozes do CDS-PP: — Claro!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — E, tal como o Algarve, há outras zonas no País.
Outra questão que agradeço que clarifiquem é a forma como, com esta iniciativa, defendem os direitos dos
trabalhadores, porque esta é uma matéria que está regulada na lei do trabalho, nomeadamente estabelecendo
que os trabalhadores que trabalhem nestes dias têm direito a remuneração acrescida — e muitos
trabalhadores, face às dificuldades que atravessam, aproveitam para, precisamente nesses dias, terem um
extra de remuneração.
Protestos do BE.
Mas os senhores vêm dizer: «Encerrem, fechem, está proibido! Mesmo que queiram trabalhar e ganhar
mais, estão proibidos porque nós não permitimos».
Em segundo lugar, esta iniciativa mostra o respeito que têm pela autonomia local, pelas autarquias, pelo
poder local… É que, como sabem, esta matéria da abertura das grandes superfícies nestes dias, aos
domingos e aos feriados, é regulada pelas próprias autarquias, pelas câmaras, não é regulada por lei do
Estado! Mas os senhores querem que o Estado imponha às autarquias como gerir o território e como decidir,
dentro do seu território, qual a melhor altura para abrir e fechar.
Protestos do Deputado do PCP Jorge Machado.