11 DE ABRIL DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Quando um Ministro se demite publicamente e se mantém em funções
uma semana depois, o que é isso se não pôr em causa o regular funcionamento das instituições?
O Presidente da República, confrontado com a opção entre o Governo, por um lado, e a Constituição e o
País, por outro, escolheu o Governo e deixou cair a Constituição e o País.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Pela nossa parte, rejeitamos a chantagem do Governo e da troica.
Não nos venham outra vez com a mentira que é a repetição do tempo dos PEC e da chamada da troica pelo
Governo anterior, de que a única solução para assegurar o financiamento do Estado é submetermo-nos às
ordens de destruição do pacto de agressão assinado com a troica. Para que serve esse financiamento se não
tivermos economia, nem empresas, nem emprego, nem serviços públicos, nem direitos fundamentais?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — A questão não é o que teremos de fazer para ter financiamento; a
questão é o que teremos de fazer para ter economia, para ter emprego, para ter País.
O objetivo do cumprimento deste programa do pacto de agressão não é — nunca foi — o de assegurar o
financiamento do Estado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — O objetivo é o cumprimento do próprio programa, dos seus ataques
aos direitos e dos seus retrocessos económicos e sociais.
Como se recupera o País sem produzir mais para dever menos? Como se recupera o País destruindo o
sistema educativo e fazendo-o recuar, em matéria de financiamento, para o estado em que estava há 10 anos
atrás? Como se recupera o País sem investimento público de qualidade? Como se recupera o País sem a
melhoria dos salários, das pensões e das reformas?
Como se recupera o País destruindo dezenas de milhares de micro, pequenas e médias empresas, que
constituem o essencial do nosso tecido económico e do emprego? Como se recupera o País destruindo os
direitos dos trabalhadores e sujeitando-os a uma exploração máxima para um salário cada vez mais mínimo?
Como se recupera o País deixando as pessoas sem acesso à saúde, sem tratamentos, sujeitas à doença e à
morte antecipada? Como se recupera o País destruindo a proteção social e deixando sem qualquer
rendimento centenas de milhares de pessoas, engrossando a pobreza extrema e os milhões que já estão na
pobreza?
Não se recupera!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Com este programa não há saída para o País e sem a sua rejeição
não há futuro para o nosso povo.
Não pode haver nenhuma hesitação na exigência da demissão imediata do Governo e de convocação de
eleições.
Não pode haver nenhuma dúvida de que, para além da saída deste Governo, precisamos de outra política
que recupere o País da situação onde está colocado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Renegociar a dívida para garantir recursos ao investimento público e à
dinamização económica, aumentar os salários, as pensões e as reformas, produzir mais garantindo a criação