11 DE ABRIL DE 2013
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E quem não compreender isto, quem não atuar em conformidade com
esta constatação, está a proteger o Governo certamente, mas está também a afrontar as regras fundamentais
da nossa Constituição e os deveres das instituições do regime democrático.
O Sr. Deputado disse, e bem (é uma boa observação), que a remodelação caiu na rua. Mas nós não
ansiamos por uma remodelação — talvez algumas pessoas do PSD e do CDS estejam por estes dias muito
expectantes em relação à remodelação —, nós não precisamos da remodelação na rua, precisamos é do
Governo na rua, Sr. Deputado Carlos Zorrinho.
Aplausos do PCP.
E saindo o Governo e sendo convocadas eleições, devolvendo a palavra ao povo, como desejamos, vai ser
preciso ter uma enorme clareza nas propostas a apresentar ao povo português. É que não podemos deixar na
penumbra as opções fundamentais.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Com este pacto de agressão, com este Memorando da troica, o País
não sai do «buraco» onde está. Para que o País saia da situação em que está, é preciso outro Governo, sim,
mas é preciso também outra política, que seja incompatível com este pacto. E a rejeição deste pacto, deste
Memorando é um elemento indispensável para a alternativa: sem rejeição do pacto não há alternativa; e
nenhuma alternativa digna desse nome pode afirmar-se sem que essa rejeição se produza.
Aplausos do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Bernardino Soares, na verdade, este Governo,
ao cometer em dois Orçamentos consecutivos um conjunto de inconstitucionalidades, aprovando normas
inconstitucionais, é ele a fonte do deficiente funcionamento das instituições democráticas.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Exatamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Aquilo que constitucionalmente se designa por funcionamento irregular das
instituições está claramente comprovado pela ação do Governo. O Governo é o único agente desse
funcionamento irregular das instituições democráticas.
Tudo o mais são os episódios de consequência: o despacho punitivo de Gaspar, que é um ato ilegal de
execução orçamental; os acintes ao Tribunal Constitucional; a desautorização de outras instituições; a
chantagem perante o regime democrático; a tentativa de pôr a Constituição da República Portuguesa em
conflito com a ação governativa. Tudo isso é a prática do Governo.
Sr. Deputado Bernardino Soares, quero fazer-lhe uma pergunta a propósito de uma questão que o Sr.
Deputado trouxe aqui, e bem. Na sequência do acórdão do Tribunal Constitucional, que veio precipitar esta
situação de dramatização por parte do Governo e de chantagem e ameaça sobre as instituições democráticas,
não acha absolutamente estranha a posição do Presidente da República?
O Presidente da República apresentou um requerimento ao Tribunal Constitucional, queixando-se de
normas que considerou inconstitucionais. Não se tratou de uma fiscalização preventiva para sanar algumas
dúvidas. Não, há uma clara exposição argumentativa por parte do Presidente da República sobre a
inconstitucionalidade de várias normas. Curiosamente, o Tribunal Constitucional concorda com esse