I SÉRIE — NÚMERO 82
24
financiamento garantido. O Sr. Secretário de Estado teve a necessidade de vir garantir que o próximo Quadro
Comunitário de Apoio absorvia estas candidaturas, mas não pôde garantir que a União Europeia o aceitava.
O Sr. Deputado não falou, mas podia ter falado, das ajudas diretas e das queixas que as confederações
têm feito dos sistemas informáticos do Ministério, que não têm qualquer capacidade de resposta, a não ser
aconselhar os agricultores a meter os processos à noite, quando o sistema está menos saturado.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — Por isso, quando o Sr. Deputado nos fala de medidas estruturais, digo-lhe
que esta é a estrutura de resposta.
Falando em medidas estruturais, gostaria de questioná-lo sobre os jovens agricultores, dos quais o Sr.
Deputado costuma falar frequentemente, mas hoje não falou. Queríamos perceber se o objetivo de tornar os
jovens empresários agrícolas é estrutural ou conjuntural, tendo em conta os níveis de desemprego hoje
registados em Portugal. E coloco em particular a questão dos jovens agricultores, pois esta matéria relaciona-
se com uma parte do que o Sr. Deputado nos diz. É que se confirma que há mais candidaturas para jovens
agricultores, mas também é verdade que as candidaturas nem sempre correspondem à execução de projetos
— uma coisa é a candidatura e outra os projetos em execução, que são muito menos. E são muito menos,
porquê? Precisamente porque os agricultores têm dificuldades no acesso às garantias bancárias para
poderem executar os seus projetos.
Um outro aspeto desta questão tem a ver — e isto também nos foi dito na sua região — com aquilo que é o
futuro destas empresas, pergunta que já colocámos várias vezes à Sr.ª Ministra, mas que ficou sem resposta.
É que a larga maioria desses projetos são para produzir frutos vermelhos, cogumelos, ervas aromáticas,
que são certamente importantes e dos quais todos gostamos, mas a quantidade de candidaturas que há para
esse fim até leva as cooperativas e as associações de agricultores a terem muita dificuldade em perceber qual
é a viabilidade destes projetos. Mas, também sobre esta matéria, não temos tido resposta da Sr.ª Ministra.
Pode ser que o Sr. Deputado hoje nos diga aqui alguma coisa sobre isso.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — O Sr. Deputado Abel Baptista optou por responder a conjuntos de
dois oradores.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Abel Baptista, é de notar que, cada vez que o Sr.
Ministro da Economia faz uma declaração, a maioria tenta fingir um certo entusiasmo — temos ouvido hoje as
bancadas da maioria dizer «agora é que é!»
Mas a verdade, Sr. Deputado, é que tenho aqui dois documentos, intitulados, um deles, «Competitividade,
Emprego e Investimento» e outro «Estratégia para Crescimento, Emprego e Fomento Industrial». O primeiro é
de 17 de outubro de 2012 e o último foi apresentado ontem, depois do Conselho de Ministros.
Ora, a verdade é que eles não são muito diferentes, Sr. Deputado. Olhamos para o menu das intenções
que vão sendo anunciadas pelo Sr. Ministro da Economia e verificamos que, mais ou menos, tudo se mantém.
Portanto, cada vez que o Sr. Ministro da Economia aparece a dizer «agora é que é, agora é que vamos
apostar na economia, agora é que vamos criar emprego, agora é que vamos ajudar as empresas!», e que os
senhores também insistem «é agora, é agora!», nada acontece.
É por isso que acho que é altura de o Sr. Deputado responder por aquilo que foi apresentado pelo Sr.
Ministro há seis meses. Vejamos alguns itens desse documento: quanto ao setor industrial, dizia-se no
primeiro documento «Aposta no setor industrial em áreas com maior potencial exportador» e, ontem, foi dito
mais ou menos a mesma coisa; o item «Dinamização do consumo de produção nacional» não difere muito do
que foi apresentado ontem; quanto ao item «Lançamento de um novo sistema de incentivo ao comércio de
proximidade», este, nem sequer aparece no documento que foi apresentado ontem; quanto à «Dinamização
da reabilitação urbana e emprego local», também nada aconteceu; o «Financiamento estável para as
pequenas e médias empresas» era, há seis meses, a promessa do Sr. Ministro da Economia e continuamos a