26 DE ABRIL DE 2013
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Saiba esta Câmara seguir esse exemplo e estejam os partidos do arco da governabilidade à altura das
circunstâncias, o que significa saber obter e manter uma concordância básica em relação a questões
fundamentais. Falamos da dívida, quer pública quer externa, que compromete inexoravelmente as gerações
futuras, falamos da permanência na moeda única e falamos da recuperação da soberania. São questões que
exigem de todos nós um mínimo de concordância, um mínimo denominador comum, para que possamos dar
ao nosso País um máximo de credibilidade.
Aqui chegados, é também preciso falar do futuro.
Em primeiro lugar, o crescimento económico é um pilar absolutamente decisivo. Só ele pode concretizar
dois imperativos fundamentais: por um lado, o de contrariar a fratura social inaceitável que é o desemprego;
por outro, o de criar oportunidades, permitir a mobilidade social e abrir caminho a uma sociedade em que, com
mérito, com esforço e com trabalho, se pode ter uma vida melhor. É isto que queremos deixar às próximas
gerações.
Em segundo lugar, nunca podemos esquecer o valor da coesão social e da ética social, em tempos de
consolidação. Uma sociedade justa e equilibrada não pode esquecer, nunca, os mais velhos, que trabalharam
toda a sua vida e deram um muito largo contributo para a construção de um Portugal moderno. Este é o dever
que temos para com os nossos pais e para comos nossos avós.
Por último, mas porventura bem mais importante, temos de fazer tudo para reconquistar o valor mais
importante numa sociedade — a confiança. Não apenas a confiança que devemos inspirar junto dos nossos
parceiros europeus, dos nossos credores ou das instituições internacionais — essa é, sem dúvida, importante.
Mas verdadeiramente fundamental é a confiança que temos de ter em nós enquanto País, enquanto povo e
enquanto Nação.
Isto significa sermos capazes de explicar os problemas que vivemos, com frontalidade e com verdade, mas
sem demagogias fáceis ou simplificações abusivas.
Significa também sermos capazes de encontrar soluções equitativas, ponderações equilibradas e
consensos sensatos para as escolhas difíceis que temos pela frente.
Lembrar Abril, sim. Mas, sobretudo e acima de tudo, cumprir Portugal!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Grupo Parlamentar do Partido
Socialista, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Costa.
O Sr. Alberto Costa (PS): — Sr. Presidente da República, Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Sr.
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Sr. Presidente do Tribunal Constitucional, Sr. Primeiro-Ministro,
Srs. Membros do Governo, Ilustres Convidados, Sr.as
e Srs. Deputados:
A ação libertadora do 25 de Abril, que hoje celebramos, pôs termo a uma longa perversão constitucional.
A Constituição do Estado Novo proclamava a liberdade de expressão, mas tínhamos a censura prévia.
Consagrava-se a independência dos tribunais, mas os opositores eram presos e condenados em execução de
instruções da polícia política.
Era uma Constituição que mentia. O 25 de Abril resgatou-nos dessa mentira.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Alberto Costa (PS): — Construímos uma democracia em que o Estado e as leis se subordinam à
Constituição, uma genuína Constituição e não uma Constituição à disposição.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Alberto Costa (PS): — Uma Constituição que é, em todos os momentos, no bom tempo e na
tempestade, um teste à qualidade democrática da governação.