26 DE ABRIL DE 2013
9
Felizmente, as novas gerações não sentiram a violência e a crueldade da ditadura fascista, tendo nascido
já num País livre e democrático, conquistado pelos seus pais e avós. Mas torna-se cada vez mais premente a
capacidade de lhes transmitir o que significaram e significam hoje as conquistas de Abril, para que as
assumam como suas e para que as defendam, para um futuro próspero e para nunca mais regressarmos a
tempos semelhantes.
Não é por acaso que a ideologia dominante tenta branquear os 48 anos da ditadura fascista e a sua
verdadeira natureza opressora, como procura desvalorizar o 25 de Abril, principalmente junto das crianças e
dos jovens, para que as novas gerações reproduzam o individualismo, o egoísmo e o assistencialismo pela
caridade.
Não comemoramos Abril apenas para evocar uma data histórica. Comemoramos Abril para projetar no
presente e no futuro os seus valores!
A luta da classe operária, dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens e de amplas camadas da
população, foi determinante para derrubar a ditadura fascista. Hoje, como no passado, será pela luta que
conseguiremos a rejeição do pacto de agressão, a rutura com a política de direita, a demissão do Governo e a
realização de eleições, para dar novamente a voz ao povo para decidir o seu destino.
A soberania reside no povo e o povo português não permitirá a continuação do retrocesso e lutará por uma
alternativa política e uma política alternativa, tendo por base os valores de Abril.
Viva o 25 de Abril!
Aplausos do PCP, do BE e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Grupo Parlamentar do CDS-PP,
tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente da República, Sr.ª Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal Constitucional
e demais Tribunais Superiores, Sr.ª Procuradora-Geral da República, Altas Autoridades Civis e Militares, Srs.
Membros do Governo, Srs. Representantes do Corpo Diplomático, Sr.as
e Srs. Convidados, Sr.as
e Srs.
Deputados:
Portugal evoca hoje o 25 de Abril de 1974. Por isso mesmo, convém começar por deixar claro, neste
momento, a leitura abrangente que fazemos desta data. Uma leitura que compreende o próprio dia 25 de Abril
de 1974, como o último dia de um regime autoritário que, felizmente, terminou. Uma leitura que abarca
também um outro dia 25 de Abril, desta vez, de 1975, como a data em que, pela primeira vez, todos os
portugueses puderam exercer o direito de votar em eleições realmente livres. Finalmente, uma leitura de um
processo que culminou no 25 de Novembro de 1975, a data em que a legitimidade democrática triunfou, como
manifestamente o povo queria que triunfasse, sobre a legitimidade revolucionária.
Tenho a sorte de pertencer a uma geração que nasceu depois deste processo e que foi herdeira desta
democracia. Uma democracia legítima, representativa e efetiva, que não tinha existido, até então, em Portugal.
Por isto mesmo, parece-nos natural, normal, e mesmo muito desejável, que haja leituras muito diferentes
do 25 de Abril. É precisamente essa a herança de que estamos hoje a falar. Cumprir Abril é sabermos honrar o
direito que nos legaram de fazermos escolhas pela nossa própria cabeça, é fruirmos a liberdade de o
podermos fazer sem medos nem temores e é cumprirmos o dever de defendermos, até ao limite das nossas
forças, aquilo que acreditamos ser o melhor para o nosso País.
Nessa matéria, não deixa, contudo, de ser curioso que alguns daqueles que mais evocam, até com grande
frequência, o 25 de Abril sejam precisamente aqueles que gostariam de ter deixado uma herança bem
diferente, bastante mais próxima de modelos totalitários e sociedades fechadas.
Vozes do CDS-PP e do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mas, ditosamente, não foi isso que aconteceu. E, por isso, a memória
que hoje evocamos não é de alguns, é de todos nós. Não é de uma só geração, é para sempre. Não é apenas