I SÉRIE — NÚMERO 89
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Dizia Pedro Passos Coelho: «não vou cortar salários na Administração Pública». Cortou salários —
primeira falta de compromisso; «não vou cortar subsídios de férias nem subsídios de natal». Cortou subsídios
de férias e subsídios de natal — segunda falta de compromisso; «não vou atacar pensionistas» — lança a
contribuição extraordinária sobre os pensionistas; «não vou despedir funcionários públicos»… Aliás, o Sr.
Secretário de Estado da Administração Pública diz que despede e, horas depois, vem o Sr. Primeiro-Ministro
dizer que não despede.
Ou seja, de cada vez que o Primeiro-Ministro abre a boca diz uma coisa diferente e, portanto, não há
compromisso que resista nem há credibilidade nos compromissos que os senhores aqui apresentam.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — E, mais: dizem-se os Srs. Deputados preocupados com os 3 milhões de
pensionistas que querem saber o presente e o futuro das suas vidas e têm esse direito.
O Sr. Ministro da Segurança Social tem a obrigação de, hoje, vir dizer o que vai acontecer a esses
pensionistas, porque, ontem, Pedro Passos Coelho dizia-nos uma coisa tão transcendente como esta: «as
medidas que vamos aplicar», reconhecendo que ia aplicar medidas, «não estão direcionadas para os
cidadãos, não prejudicam nenhuns cidadãos, porque elas são direcionadas para a esfera pública».
Pergunto: mas esfera pública é exatamente o quê? Os carros da Administração Pública?! Os edifícios?!…
Não prejudicam os cidadãos as medidas de austeridade?! Então, servem para quê?! É uma trapalhada e uma
trapalhice que os senhores aqui estão a fazer.
Fala o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, do «cisma grisalho» e também
daquela «linha vermelha»… É preciso perguntar, Sr. Ministro, qual é a sua «linha vermelha». O senhor vai
cortar nas pensões de 303 €? É preciso que os pensionistas fiquem descansados ou não sobre aquilo que os
senhores vêm para aqui dizer.
Sr. Ministro, termino dizendo-lhe que já ninguém acredita nos compromissos deste Governo, mas também
já ninguém acredita naquilo que são as boas vontades do CDS. É que as «linhas vermelhas» do CDS
rapidamente estão a passar a «linhas laranjas» e o que é facto é que o CDS, por mais que o Ministro de
Estado venha explicar as suas opiniões, foi engolido no bolso do PSD. Sr. Ministro, é essa questão que o
senhor não é capaz de explicar. Portanto, o que nós hoje aqui queremos saber, com toda a clareza, é que
cortes objetivos vão ou não fazer aos pensionistas. Assuma lá esse compromisso!
Entretanto, assumiu a Presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Socialista quis, neste debate de
atualidade, lançar um alarme público e lançar a confusão sobre os cidadãos portugueses, particularmente
sobre os pensionistas.
Felizmente, acho que tudo ficou muito claro, pois o Governo assumiu aqui o compromisso — e eu quero
congratular-me com isso — de que a contribuição da sustentabilidade da segurança social e das pensões não
será aplicada, comprometendo-se o Governo a tudo fazer para encontrar medidas orçamentalmente
alternativas para que essa contribuição não seja, de facto, aplicada.
Quero também dizer que este Governo e o Grupo Parlamentar do PSD dão a maior importância à
sustentabilidade dos sistemas de pensões em Portugal. Por isso, vale a pena recordar que nos preocupámos
com a suspensão das pensões antecipadas, que nos preocupámos com a injeção de quase 2000 milhões de
euros no sistema de segurança social para garantir as pensões, mesmo as do sistema previdencial, e estamos
a preocupar-nos com a convergência das pensões do sistema público e do sistema privado, como, aliás, é
referido no relatório da OCDE.
Por isso, renovo uma pergunta e o pedido de compromisso ao Partido Socialista. VV. Ex.as
disseram que
estão contra. Então, pergunto: os senhores estão a favor de quê? Segunda pergunta: estão a favor de
encontrar consensos com o Governo para resgatar o País da situação em que se encontra? Se VV. Ex.as
não
querem austeridade, então, que alternativas apresentam para este resgate?