16 DE MAIO DE 2013
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O Sr. Secretário de Estado da Administração Pública: — Entendeu o Governo que, em ordem a reforçar
a independência destas entidades, deveria ser criada uma comissão de vencimentos em cada entidade
reguladora, com autonomia face ao Governo, devendo a lei apenas definir os critérios sobre os quais deve a
comissão de vencimentos elaborar ou produzir/definir as remunerações a aplicar em cada um dos estatutos.
Nesse sentido, o que se espera é que essas comissões de vencimentos, levando em consideração os
critérios que estão definidos na lei, possam, naturalmente, atender a questões como a situação em que o País
está e alinhar as remunerações por aquilo que são os padrões adequados das remunerações praticadas no
setor público.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É uma questão de fé!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado da Administração Pública: — Relativamente à intervenção do Sr. Deputado
do PCP Bruno Dias, gostava apenas de dizer, no que respeita à referência que fez à intenção de os partidos
da maioria darem mais competências ao Presidente da República, que o Governo e os partidos da maioria não
desistiram dela, só que ela depende de uma revisão constitucional, e essa revisão constitucional, como o
senhor sabe, nesta altura não se pode fazer ou não há condições para se fazer.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas na altura não diziam isso!
O Sr. Secretário de Estado da Administração Pública: — Quanto à posição de fundo que o Sr. Deputado
tem relativamente às entidades reguladoras, bem sabemos que o PCP defende um Estado interventor e
executor de todas as funções que existem na economia.
Os partidos que suportam este Governo e o Governo entendem que se deve dar espaço à economia, ao
desenvolvimento da atividade privada e que os governos e o Estado devem desenvolver sobretudo a sua
atividade no domínio da regulação, e daí a importância de termos bons reguladores, bons princípios e uma
boa lei-quadro que defina as regras sob as quais deve funcionar a economia privada.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Batista
Santos.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Hoje, esta Câmara debate uma lei-quadro essencial — essencial para a economia portuguesa, essencial para
a regulação, essencial para o cumprimento daquelas que são as nossas obrigações no quadro do programa
de assistência que subscrevemos.
Ainda muito recentemente, a OCDE veio recordar a importância de uma regulação forte, independente, e
nesse caminho andou bem o Governo ao apresentar uma proposta de lei-quadro.
Queria sublinhar que uma lei-quadro é muito diferente de um regime estatutário, que ainda há pouco o Sr.
Deputado Basílio Horta aqui nos trouxe. De facto, pena é que não tenha aproveitado a oportunidade de, no
período de tempo em que o Governo procurou obter contributos válidos da parte do Partido Socialista, nos ter
dado esses contributos. Mas, apesar de não o ter feito nessa altura, queria dizer com toda a clareza, em nome
da bancada do PSD, que o Partido Socialista terá oportunidade de dar os contributos que entender para
melhorar esta nova lei-quadro.
Consideramos que este trabalho, em sede parlamentar, poderá ser feito no quadro de um grupo de
trabalho alargado em que todos os contributos, do Partido Socialista e das demais bancadas, serão tidos em
consideração, nomeadamente contributos de reforço da intervenção e das competências da Assembleia da
República nesta matéria, de reforço dos poderes de fiscalização que o Parlamento deve ter sobre as entidades
reguladoras. Acho que todos estamos de acordo no que respeita a esse caminho e que ele deve ser iniciado.
Mas, naquilo que é essencial, e que V. Ex.ª, Sr. Secretário de Estado da Administração Pública, trouxe a
este Parlamento, é muito importante referir, como há pouco já disse, que este reforço do quadro geral das
entidades reguladoras decorre de um compromisso que subscrevemos no quadro do Memorando de