18 DE MAIO DE 2013
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Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Estes diplomas em discussão, pela importância e sensibilidade das
questões que tratam, mereceram por parte do Grupo Parlamentar do PSD uma reflexão séria e um debate
profícuo. Não há unanimidade dentro do Grupo Parlamentar do PSD sobre as matérias em causa, como, estou
certa, não haverá unanimidade na sociedade portuguesa. Por isso o PSD, como partido democrático,
humanista e personalista que é, respeita a consciência individual de cada um e, como já vem sendo habitual
em questões desta natureza, assegurará a liberdade de voto aos seus Deputados. Cada Deputado deste
Grupo Parlamentar votará de forma livre, individual e, sobretudo, consciente e responsável.
Aplausos do PSD.
A defesa dos direitos humanos, a defesa de todos os direitos, liberdades e garantias de cada cidadão não
são património exclusivo deste ou daquele partido. A razão não tem dono e a verdade não admite tutela.
A defesa dos direitos humanos estão no património genético do PSD e por eles nos temos batido ao longo
da nossa história. E é na defesa desses direitos que afirmo que não entramos nesta discussão com quaisquer
preconceitos, sectarismos, categorização de pessoas, reservas ideológicas, ou qualquer tipo de intuito
discriminatório — repudiamos, por isso, expressões que foram usadas hoje, como as de «hipocrisia» ou
«cobardia», uma certa caricatura das posições divergentes.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Rejeitamos! Não é esse o tom deste debate.
Aplausos do PSD.
Portanto, a seriedade dos assuntos em discussão merecem elevação no debate e respeito pela opinião
individual de cada um. Todos os projetos têm como objeto, de forma direta ou indireta, a adoção, e é
precisamente sobre a adoção que gostaria de falar.
O relatório CASA 2012, do Instituto da Segurança Social, traz estes números alarmantes: em 2012, em
Portugal existiam 8557 crianças e jovens em situação de acolhimento ao cuidado do Estado, ou seja,
institucionalizadas. A maioria destas crianças e destes jovens tem entre 12 e 17 anos, e alguns estão à espera
da conclusão do seu projeto de vida há mais de 10 anos. Destas mais de 8500 crianças institucionalizadas,
apenas 1087 têm como projeto de vida a adoção.
O número de candidatos para adotar uma criança em lista de espera é francamente superior, sendo em
2011, por exemplo, quatro vezes superior ao número de crianças com projeto para a adoção. O tempo de
espera médio dos candidatos à adoção, em 2011, foi de dois anos e meio.
Os processos judiciais demoram muito tempo a serem concluídos, tempo incomportável para uma criança
que espera uma família. Os técnicos e os tribunais ainda insistem, por vezes demasiado, no retorno das
crianças às famílias biológicas, com as quais muitas vezes não têm qualquer ligação.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Os processos são burocráticos, demorados, complexos, confusos e,
muitas vezes, traumáticos para crianças e candidatos à adoção.
Em Portugal há demasiadas crianças e jovens institucionalizados à espera de um projeto de vida ou de
uma família e demasiadas famílias à espera de uma criança.
Esta é a nossa grande preocupação. O instituto da adoção precisa de alterações, precisa de ser agilizado,
melhorado, precisa de estar ao serviço das crianças e dos seus direitos e interesses.
Vozes do PSD: — Muito bem!