I SÉRIE — NÚMERO 93
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O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, a União Económica e
Monetária e a moeda única foram criadas e introduzidas no espaço europeu à revelia de tudo aquilo que eram
os estudos da altura, de base científica e económica.
Para criar uma moeda única é necessário que haja um espaço, uma zona económica ótima, segundo
dizem os economistas, e nós na Europa temos tudo menos isso. As economias são completamente diferentes,
as estruturas produtivas são completamente diferentes, os estádios de desenvolvimento são completamente
diferentes e era absolutamente inevitável, ontem, hoje e amanhã, que a moeda única e a União Económica e
Monetária iriam produzir, como produziram, efeitos e choques assimétricos, em prejuízo evidente dos
chamados «países periféricos» e dos países menos desenvolvidos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — É isto que não é reformável, porque a situação não se aproximou entre
países, antes, divergiu, consequência da moeda única.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Em vez de ter havido uma aproximação, houve uma divergência. Os
choques assimétricos vão repetir-se ciclicamente, sempre em desfavor daqueles que estão em situação
económica inferior. E isto, de facto, não é reformar.
Se o senhor comparar todos os indicadores de natureza económica e social antes da entrada da moeda
única e hoje mesmo sem o Memorando da troica — e não os vou repetir, mas o Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares conhece-os tão bem como eu! —, sabe que todos eles se degradaram no sentido negativo, mesmo
sem as consequências das políticas da troica.
É por isso, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, que mantemos a nossa posição e advertimos o País, tal
como o fizemos em 1997, para a necessidade de estudar e de refletir profundamente estas questões e de
preparar a eventualidade de uma saída da moeda única, estudando, refletindo, analisando, quantificando,…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Honório Novo (PCP): — … com a certeza de que os custos inerente, seguramente, não serão piores
nem mais degradantes do que a situação que vivemos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana
Drago
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Cada história tem, certamente, a sua
especificidade. Em Portugal, o início da crise financeira e a perceção pública da criminalidade financeira tem
um nome próprio e uma história que o sustenta — Banco Português de Negócios (BPN).
Quando o atual Governo tomou posse, a fatura do BPN já era conhecida e o atual Executivo anunciou a
venda do BPN, argumentando ser necessário recuperar parte do valor que tinha sido perdido pela
responsabilidade pública. E, contudo, a venda do BPN ao BIC é a história de um verdadeiro negócio da China
para os privados. O Estado alienou o banco por 40 milhões, mas no negócio já estava incluída uma
capitalização de 600 milhões subscrita pelo Estado e a cedência de créditos num valor que poderia atingir
1000 milhões de euros.
Soubemos agora que havia ainda mais uma cereja no topo deste apetitoso negócio para o comprador.
Afinal o BIC, capital angolano com um ex-Ministro do PSD a dar a cara, não teve sequer que desembolsar os
ditos 40 milhões na compra do BPN. No pacote, naquilo que comprou, iam cerca de 24,8 milhões de euros do
Fundo de Pensões, apesar de os encargos com estas mesmas pensões terem passado para a