I SÉRIE — NÚMERO 99
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Educação, de que tudo faria para que não houvesse professores com horário zero. Aquilo que vemos neste
despacho é exatamente o oposto, é o estímulo a que haja mais e mais horários zero com algumas ocupações
até 1 de fevereiro para que, quando entrar em vigor a mobilidade junto dos professores, estes sejam
empurrados para o regime da mobilidade especial, que é como quem diz o despedimento sem justa causa na
função pública.
Sr. Deputado, está em condições de dizer que, após a publicação do aumento do horário de trabalho da
função pública, a componente letiva do professor não vai subir? Tem condições de afirmar isto, neste
Plenário? É que atualmente ainda não o podia fazer, mas pode fazê-lo depois dessa legislação, se os
trabalhadores até lá não vencerem e não derrubarem este Governo.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Concluo, Sr.ª Presidente.
Sr. Deputado, o Governo tem uma ótima oportunidade para resolver este problema, o Governo tem uma
ótima oportunidade para, junto do movimento sindical de professores, negociar uma saída para esta situação.
É o Governo que tem as pedras na mão e é o Governo que, parando de atirar essas pedras aos professores,
tem também na mão a possibilidade de dar resposta a esta situação, satisfazendo, com isso, a preocupação
que tem com o bem-estar dos estudantes e que até hoje nunca tinha manifestado.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, reforço o apelo feito, há pouco, pela Sr.ª Presidente
da Assembleia da República: não dupliquem o tempo de que dispõem para colocar questões e o mesmo se
diga em relação aos Srs. Deputados que são interpelados, que, muitas vezes, duplicam e triplicam o tempo de
resposta.
Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, antes de mais, agradeço as perguntas formuladas
pelos Srs. Deputados…
Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.
Sr. Deputado Miguel Tiago, já fez as perguntas, agora, deixe-me tentar responder. Mas, ainda assim,
agradeço, a si e ao Deputado Rui Santos, as perguntas que fizeram.
O Sr. Deputado Rui Santos disse aqui que, há dois anos, se inaugurou o momento da agressividade na
escola pública, o momento em que o Governo combate os sindicatos. Sr. Deputado, vamos ver uma coisa:
este Governo, em dois anos, fez mais acordos do que o seu Governo, em seis anos seguidos, com vários e
vários sindicatos.
Aplausos do CDS-PP.
Aquilo a que apelei, e não percebo se é ou não do seu interesse que se concretize esse apelo, foi a que
possamos somar a todos esses acordos mais um. Um acordo que garanta que não haja uma greve, que vai
deixar de ser do Sr. Deputado, ainda que isso, a si, possa não o preocupar — percebo isso, já que o
preocuparão outras questões —, um acordo que possa pôr termo à convocação de uma greve que põe em
causa a vida de um ciclo inteiro, nem é de um ano letivo, é de um ciclo inteiro, dos alunos, dos professores e
das famílias.
Disse o Sr. Deputado que este Governo demonstra uma incapacidade para gerir e governar. Devo dizer-
lhe, Sr. Deputado, e lembro-o sem grande prazer, porque está cá quem tem de pagar esse desvario, que foi o
seu Governo que, na verdade, deixou dívidas de milhões de euros na Parque Escolar, na requalificação das
escolas para as quais os seus responsáveis políticos chamaram «festa», para fazer bonitas inaugurações,