7 DE JUNHO DE 2013
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mas quem chega depois é que paga. Portanto, Sr. Deputado, em termos de incapacidade de gestão e de
governação, estamos conversados.
Mas, Sr. Deputado, notei que, porventura, as suas observações, aliás, tal como a pergunta do Sr. Deputado
Miguel Tiago, padeceram de um mal que aqui vivemos muitas vezes, que é o de escrever as perguntas antes
de ouvir as intervenções. É que tanto o Sr. Deputado como o Sr. Deputado Miguel Tiago disseram que havia
uma intenção de colocar a comunidade escolar contra os professores, de colocar os pais e os alunos contra os
professores.
Sr. Deputado, se há coisa que a minha intervenção fez foi frisar que até poderíamos concordar e perceber
que, face a problemas que afetam todo o País, face a esforços que se estão a pedir a todos os portugueses, à
função pública em geral, mas a todos os portugueses, houvesse professores, e, enfim, os sindicatos que
representam os seus interesses, a querer convocar uma greve. A questão não está na greve, Srs. Deputados
Rui Santos e Miguel Tiago, a questão está numa greve que foi marcada para um dia em que os alunos vão
fazer um exame que vai integrar todo o seu conhecimento, e boa parte dos alunos que fazem esse exame
depende dessa nota para prosseguir a sua vida noutro ciclo de estudos e até no ensino superior. Isto, Sr.
Deputado, é algo que nos deveria preocupar a todos, mas, da sua parte, não ouvi uma única palavra. Ouvi
ontem, e bem, da parte do seu líder parlamentar, mas, da parte do Sr. Deputado, que coordena os Deputados
do Partido Socialista na Comissão de Educação, não ouvi uma única palavra no sentido de que uma greve
nestes dias prejudica mais do que aquilo que consegue.
Sr. Deputado Miguel Tiago, estamos perante um despacho de organização do ano letivo que já está
publicado,…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não está! Aguarda publicação!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … que já existe, que já é texto normativo e que inscreve, claramente,
qual a componente letiva e qual a componente não letiva, fixando a componente letiva, nos 2.º e 3.º ciclos e no
ensino secundário, em 22 horas letivas. O que lhe digo, em relação a isto, é que maior compromisso do que
este, e que, aliás, ouvimos ontem, reiterado pelo Sr. Ministro da Educação, não pode haver. Aliás, o Sr.
Deputado disse aqui uma coisa que eu também não disse. O Sr. Deputado disse que eu tinha dito que o
horário de trabalho não ia aumentar, mas o que é facto é que vai aumentar, agora, limita-se a aumentar no
sentido de reconhecer uma realidade que os professores já vivem. Os professores trabalham, facilmente, 40
horas, todas as semanas, que se distribuem entre preparação de aulas, correção de testes, reuniões de
avaliação, reuniões com os pais, reuniões de departamento, etc. Todos sabemos disto! A componente letiva
não aumentar é que me parece que diferencia aquilo que se aplica aos professores daquilo que se aplica ao
resto da função pública.
Por isso é que eu disse, e repito, que compreenderia que se juntassem à greve geral de toda a função
pública, reclamando os seus direitos que também entendem ter de reclamar; uma greve setorial, só da
educação, no dia dos exames, é que me parece menos compreensível.
Aplausos do CDS-PP.
Protestos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado
Pedro Lynce.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Michael Seufert, vou começar por uma
afirmação minha, uma vez que, eventualmente, houve aqui várias acusações de agressividade contra os
professores.
Gostava de apresentar, para já, o meu testemunho pessoal, de professor durante 40 anos, tendo passado
pelas minhas mãos mais de 5000 alunos. Quero dizer-lhe que aderi a várias greves, mas nunca pus em causa
a avaliação aos meus alunos, pelo seguinte princípio: assumi um compromisso com os meus alunos, um
compromisso que considero deontológico, desde o primeiro dia de aulas, que foi o compromisso da confiança