7 DE JUNHO DE 2013
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Na verdade, o Sr. Deputado Pedro Lynce não tem razão, quando invoca aqui questões de natureza
constitucional, porque o fundamento que aduziu, quando muito, servirá para a aplicação de serviços mínimos
que, neste momento, dependem de uma instância judicial e não do Governo nem da Assembleia da República,
mas nem sequer eliminam a validade jurídica da greve que aí vem. Agora, poderia ter dito alguma coisa sobre
as ameaças do Ministro, que já não são feitas em voz doce, acerca da requisição civil.
A pergunta que se impõe, e creio que o Sr. Deputado Michael Seufert pode ponderar sobre isto, é a
seguinte: será que esta greve dos professores acontece numa altura em que os professores quereriam,
eventualmente, um aumento salarial, alterações na sua carreira, apenas por questões profissionais, ou numa
situação muito difícil, muito delicada e muito complicada, em que talvez 10 000 a 15 000 deles estejam no
limiar do despedimento? Isto não existe? Esta circunstância não é uma circunstância a pôr no prato da
balança em relação à realização de exames? Não é um fundamento para a violação da confiança mútua, que
aqui foi alegada? Será que os professores estão nas circunstâncias normais de um processo grevista ou estão
em circunstâncias de absoluto estado de necessidade e é isso que motiva uma luta desta dimensão e deste
recorte?! Bom, mas sobre isto o Sr. Deputado Michael Seufert não se pronunciou, fez de conta que tudo está
normal na educação, mas não está, porque 10 000 a 15 000 professores têm uma ameaça de despedimento.
E, se não há ameaça de despedimento, escrevam-no, preto no branco, porque resolve-se o conflito e o
Ministro da Educação, ao menos, honra a sua palavra.
Eram estas as questões que lhe deixava, Sr. Deputado.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados Pedro Lynce e Luís Fazenda,
agradeço as questões que me colocaram.
Sr. Deputado Luís Fazenda, registo que considere insólito eu respeitar uma greve, mas reafirmo esse
respeito pela greve da função pública e reafirmo aqui que não estão em causa os fins. Aliás, o Sr. Deputado
disse que não falei do que está em causa, mas, Sr. Deputado, dali, da tribuna, falei da questão da
requalificação e falei da questão do horário de trabalho na função pública. Disse-o, está registado, está
gravado e tenho a intervenção à minha frente.
Mas o que é verdadeiramente insólito é que o Sr. Deputado não perceba o que está em causa. Não está
em causa o direito constitucional do recurso à greve, que também afirmei, o que está em causa é a
desproporcionalidade daquilo que é ameaçado, face àquilo que se quer atingir.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — E, Sr. Deputado, ontem, na Comissão de Educação, até disse que,
face à desproporcionalidade dos meios, podia descartar e não discutir o que os sindicatos reclamam, mas
discuto-o e discuti-o dali, da tribuna, ao dizer, claramente, que, não havendo um aumento da componente
letiva e demonstrada a abertura do Governo para que as questões da requalificação se aplicassem à classe
docente, apelava a que isso, hoje, pudesse ser resolvido. E apelo aos dois lados, Sr. Deputado, porque, nesta
matéria, não há um único lado com «a faca e o queijo na mão». Se, de um lado, há uma ameaça de greve e,
do outro, há disponibilidade para ceder em alguns pontos, então, tem de haver um consenso para que, de um
lado, se possa dizer «desconvocamos as greves» e, do outro, «garantimos determinados pontos na
negociação». Apelo a que isto aconteça, mas mais do que isto também não posso fazer, Sr. Deputado.
Posso, naturalmente, registar que, da parte da oposição, fazer greve na segunda-feira ou no dia 17 de
junho, que é o dia do exame de Português, é igual, mas, pela minha parte, entendo que não é igual,
independentemente das questões constitucionais e legais que foram aduzidas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!