7 DE JUNHO DE 2013
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Por isso, pergunto: onde está no retificativo, naquilo que o Governo prevê para o País, este supercrédito
fiscal? Onde é que estão os seus resultados? E a resposta é simples: não está! Não está, porque não existe!
Não há resultados!
Nós ouvimos as associações empresariais de norte a sul do País e o que nos dizem os empresários?
Dizem-nos que este crédito, quando muito, beneficiará uns poucos — creio, aliás, que o Governo até
conhecerá quem é que será beneficiado —, mas não as empresas nacionais, não as pequenas e micro
empresas. Essas, dizem-nos, não têm dinheiro para investir e estão ainda à espera que a economia cresça
para poderem amortizar os investimentos que já fizeram.
Dizem-nos até outra coisa: que este crédito fiscal será, quando muito, um bónus aos que já estão de boa
saúde.
Contudo, à economia que tem definhado com a ação deste Governo, essa não vê nenhuma luz ao fundo do
túnel com esta medida.
Por isso, pergunto-lhe: quantas empresas prevê o Governo que possam ser beneficiadas? Qual o montante
do investimento? Qual o montante da despesa fiscal associada? Qual o resultado no crescimento da
economia? Qual o resultado na criação de emprego? O que é que temos aqui? Há algum dado que o Governo
tenha ou é a superfé do Governo neste supercrédito que, afinal, será mais uma supermedida, mas de
propaganda e nada mais?!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília
Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, veio
hoje ao Parlamento anunciar um conjunto — aliás, bem vasto — de medidas em que o crédito fiscal é mais
uma. Eu diria que não é apenas mais uma, é, sem dúvida, a mais significativa de todas.
E isto porque, tanto quanto nos tem sido dito sobre a medida é que, nos casos em que seja mais utilizada
ou totalmente utilizada, ela pode significar uma taxa efetiva de IRC de cerca de 7,5%. Isto é importante
porque, como dizia o Sr. Secretário de Estado, o objetivo desta medida é funcionar como um fomento ao
investimento, como um catalisador do investimento.
Também é importante que percebamos que, quando se fala muito de crescimento económico, ele significa
algumas coisas, na prática. Uma das coisas que, indiscutivelmente, gera crescimento económico é
precisamente o investimento, e, neste caso, o investimento privado. Ora, investimento e crescimento geram
emprego, que é, sem dúvida, o objetivo último de todas estas medidas.
Sr. Secretário de Estado, para além do impacto óbvio que a medida terá do ponto de vista quer da
antecipação de investimento quer da captação de investimento estrangeiro, o Sr. Secretário de Estado já terá
ouvido vozes a desvalorizarem a medida ou a não quererem ver o que a medida traz de bom, que são muitas
e variadas, como, com certeza, até já saberia, embora seja surpreendente, depois de a CIP ter dito o que
disse sobre a medida, que ouçamos dizer, até aqui, que as associações empresariais não estão nada
interessadas na medida.
Vozes do CDS-PP: — Bem lembrado!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não deixa de ser muito surpreendente!
Em todo o caso, e porque nestas coisas é sempre bom perguntar, gostava de saber, Sr. Secretário de
Estado, qual foi, no passado, o impacto de medidas desta natureza? É possível avaliá-las com base no
passado? Já aconteceu, na história fiscal portuguesa recente, haver algum crédito fiscal desta dimensão e
com este impacto?
Vozes do CDS-PP: — Boa pergunta!