I SÉRIE — NÚMERO 99
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Mas a melhor maneira de percebermos isso é que o senhor nos ajude a detalhar a proposta de lei. E,
então, vamos a um conjunto de perguntas.
Qual é o número de empresas que o Sr. Secretário de Estado estima que podem vir a usar este regime?
Melhor, de entre as micro e pequenas empresas, quantas estima que podem vir a usar este regime? E qual é
o valor global do investimento que o Sr. Secretário de Estado estima que possa beneficiar deste mecanismo
até ao final do ano?
Permitia-me chamar a sua atenção, Sr. Secretário de Estado, que é melhor, utilizando um chavão, sem
ofensa, não inventar números, porque isto, naturalmente, tem tradução no Orçamento retificativo. Tem
tradução ou deveria ter!
Diga, então, Sr. Secretário de Estado, qual é a despesa fiscal que o Governo está a estimar com esta
medida no Orçamento retificativo. Não sabe? Eu digo-lhe, Sr. Secretário de Estado: zero! Nem 1 €! No
relatório, nem uma palavra sobre o supercrédito fiscal! Uma só linha! No quadro das receitas fiscais, nem uma
informação! Uma única informação sobre a superilusão fiscal.
Baixam a receita fiscal de 420 milhões de euros em IRC, relativamente à utopia do Orçamento do Estado
para 2013… Podia dizer-se: «Está aqui o valor, está aqui a despesa fiscal do supercrédito». Mas não! É
porque baixando dos 420 milhões de euros, ainda assim, ficam acima, mas muito acima, da estimativa que a
execução orçamental relativamente a abril de 2013 permite admitir como receita fiscal obtível em 2013, em
todo o ano de 2013.
Portanto, a terminar, pergunto o seguinte, Sr. Secretário de Estado: afinal, onde é que está a superilusão
fiscal? Afinal, onde é que está o investimento?! Se não souber, Sr. Secretário de Estado, eu digo-lhe onde é
que está: consulte os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e verá que, no 1.º trimestre deste ano, o
investimento caiu 17%.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, estamos aqui a falar do crédito fiscal extraordinário,
mas as bancadas parlamentares também tiveram um crédito extraordinário para inscrições, porque a Mesa
aceitou inscrições que não estavam previstas no início.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Não é crédito; é superilusão!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — É um crédito especial, Sr. Deputado, para inscrição.
Temos ainda a inscrição dos Srs. Deputados Paulo Batista Santos, do PSD, e da Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, de Os Verdes.
Entretanto, o Sr. Secretário de Estado informou a Mesa que pretende responder em conjunto aos pedidos
de esclarecimento dos Srs. Deputados.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, devo
dizer-lhe que a conferência de imprensa em que o Governo deu a conhecer ao País este supercrédito fiscal foi
um momento interessante da atividade mediática deste Governo, foi literalmente a superpropaganda do
Governo. Com o Sr. Ministro de Estado e das Finanças, com o Sr. Ministro da Economia e do Emprego e com
os Srs. Secretários de Estado em posse de Estado, como já não se via há muito tempo neste Governo,
dizendo: «Agora, sim. Agora, sim! Escrevam: este é o momento do investimento!».
Ora, como o investimento não se cria por decreto, nós temos aqui um problema com a realidade. Procurei
até com uma lupa no Orçamento retificativo as consequências deste supercrédito fiscal e não há nenhum
super-resultado. Esta supermedida, afinal, tem é um superdesaparecimento no retificativo. Nem com uma lupa
se percebe o impacto na economia, porque traz mais recessão — aliás, a OCDE diz-nos que a recessão será
muito pior —, nem no emprego, porque o retificativo nos traz mais desemprego, nem no investimento, porque
o retificativo traz-nos muito menos investimento.