O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 99

54

O Sr. Honório Novo (PCP): — Se o Governo estivesse interessado em diminuir a carga fiscal já este ano

podia fazê-lo reduzindo os pagamentos por conta dos investimentos objeto deste instrumento. Se quisesse!…

O Sr. Secretário de Estado disse que diminuíam os 420 milhões de euros da receita fiscal por causa da

dinamização económica resultante deste instrumento. É o contrário?! Pensei que aumentava. Como o senhor

não diz sobre isso uma palavra no Orçamento retificativo ficamos todos sem saber, mas podemos perguntar

ao Deputado Paulo Batista Santos onde é que está a solução.

Portanto, Sr.ª Presidente, acho que chegou o momento do investimento, como disse, de uma forma

fanfarronada, o Sr. Ministro de Estado e das Finanças.

O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — É a favor ou contra?

O Sr. Honório Novo (PCP): — Mas julgo que estamos perante não um supercrédito fiscal mas, sim,

perante aquilo que pode ser uma superilusão fiscal.

Diz o Governo que não há investimento em Portugal por causa da carga fiscal — se não o diz passa essa

ilusão — e, vai daí, anuncia este instrumento fiscal à espera que haja um milagre fiscal. Suponho que o dia 13

de maio já passou há algum tempo…

Vamos, então, ver o que diz o chamado oráculo do Governo, isto é, o relatório do Banco de Portugal de

2012 sobre as razões da falta de investimento em Portugal. Primeiro: qual é a taxa de ocupação da

capacidade produtiva em percentagem da capacidade instalada? Isto é, daquilo que está instalado, o que é

que nós usamos da capacidade produtiva? Em finais de 2011, usámos menos de 75%. Será que a situação

hoje é melhor?

Sr. Secretário de Estado, o que é preciso de imediato, do nosso ponto de vista, é fazer utilizar plenamente

a capacidade produtiva que o País tem instalada, em vez de aumentar a capacidade produtiva que, depois,

não produz nada.

Segunda informação do oráculo relatório do Banco de Portugal de 2012: quais são as principais razões

para que não haja investimento em Portugal? Bem, 65% dos empresários dizem que é a deterioração das

perspetivas de venda,…

Vozes do PS e de Os Verdes: — Ah!

O Sr. Honório Novo (PCP): — … a ausência de procura interna e a degradação de procura externa, Sr.

Secretário de Estado. Há outras seis razões que os empresários apontam, mas nenhuma delas, Sr. Secretário

de Estado e Sr. Deputado Paulo Batista Santos — o senhor sabe tudo mas, afinal, sabe muito pouco —,

aponta como razão da inibição do investimento a taxa de IRC. Alguns empresários falam no IVA da

restauração — o Sr. Secretário de Estado sabe que falam disso —, mas no IRC ninguém fala.

Portanto, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, para terminar, importa sublinhar que o investimento em

Portugal não se resolve com varinhas de condão nem com soundbites do Largo do Caldas ou do Ministro das

Finanças e das fanfarronices Vítor Gaspar. O investimento aumenta se a procura aumentar, isto é, se a

austeridade da troica for travada.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É claro!

O Sr. Honório Novo (PCP): — O investimento aumenta se o crédito existir a taxas que o permitam, mas

nem a banca nem a troica querem ouvir falar disso. O investimento aumenta se houver confiança e um

Governo credível, não um Governo incompetente, ao serviço de interesses externos e que está a conduzir o

País para o desastre.

O investimento aumentará, Sr. Secretário de Estado, seguramente, quando este Governo sair, por sua

iniciativa ou, então, empurrado pelos trabalhadores e pelo povo.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba para uma intervenção.