I SÉRIE — NÚMERO 102
14
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … porque, de facto, os senhores querem concentrar tudo em 2014…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não é verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … não vá o Governo ter falta de força para conseguir concretizar esta
operação de kamikaze…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem! É isso mesmo!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Aliás, já estão a destinar-lhe o seu futuro, que está limitado até junho
do ano que vem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Fico muito sensibilizado, Sr. Deputado!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas, Sr. Primeiro-Ministro, gostaríamos de saber se não é verdade
que, nas tais reformas estruturais, isso significa cortar nos salários, cortar brutalmente nas reformas e nas
pensões, cortar ao nível da saúde, da educação, da proteção social. Diga, Sr. Primeiro-Ministro: esses 4700
milhões de euros que os senhores pretendem vão ser sacados a quem? Isto porque, naturalmente, os
senhores definiram um montante, os senhores e o FMI já decidiram as vítimas, mas pode haver ainda dúvidas
quanto à forma de aplicação.
O Sr. Primeiro-Ministro veio aqui «encher a boca» de reformas estruturais. Este não era um bom momento
para que explicitasse e explicasse aos portugueses quais são os vossos objetivos, qual o conteúdo disso a
que chama de reformas estruturais?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, é caso para dizer que só é
esclarecido quem o quer ser; a quem não quer ser esclarecido, não há resposta esclarecedora que valha.
Sr. Deputado, vou dizer novamente duas coisas que já afirmei. A primeira é que o facto de existir uma lei
que manda pagar um subsídio obriga o Estado — neste caso, o Governo — a fazer a respetiva previsão
orçamental. Não se trata de uma questão de saber se há ou não dinheiro na caixa, trata-se de saber se essa
previsão orçamental existe ou não, porque o Estado não pode gastar o dinheiro de qualquer maneira.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É falso! Pode antecipar pagamentos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, Sr. Deputado, essa previsão não existia no Orçamento para 2013. Repito,
não existia no Orçamento para 2013!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Existe! Existe!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O processamento salarial no Estado — o Sr. Deputado tem obrigação de
saber isto — é feito com antecedência. Basta que nos primeiros sete a oito dias de cada mês, em que é feito o
respetivo processamento salarial, não exista uma previsão legal para que nenhum serviço esteja autorizado
legalmente a fazer o processamento.
Portanto, Sr. Deputado é muito simples: procuraremos ter essa previsão orçamental assim que o
Orçamento retificativo esteja publicado, e isso não depende do Governo.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Falso!