O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 105

16

Neste momento, registaram-se manifestações de protesto de um elemento do público presente nas

galerias.

A Sr.ª Presidente: — Lembro que o público presente nas galerias não se pode pronunciar. Peço-lhe, se

não se importa, que saia.

Pausa.

Creio que agora temos condições para que o Sr. Deputado António José Seguro possa usar da palavra.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor diz que eu digo aqui o

que me apetece. Lamento informá-lo, mas eu não digo aqui o que me apetece, eu falo da realidade do País.

Se o senhor considera que falar em quase 1 milhão de portugueses desempregados é dizer o que me

apetece, estamos conversados e não avanço mais por aí.

Sr. Primeiro-Ministro, fala aqui em equilibrar as contas públicas. Nunca houve divergência entre nós e o

Governo quanto a esse objetivo; o que houve, e continua a haver, é divergência quanto ao caminho para

atingir esse objetivo. O senhor escolheu uma ideologia. Sabe o que é que conseguiu com essa ideologia?

Nunca atingir o défice a que se propôs. Nunca!

Mais: com os resultados da sua ideologia, o que é que aconteceu? O défice foi aumentando e já vai,

segundo o seu Ministro das Finanças, atingir 10%

Mais, Sr. Primeiro-Ministro: dívida pública. Sabe quanto é que cresceu? Mais 15 pontos percentuais.

Ultrapassou já os 127%. E, pior do que isso, todas as previsões dos organismos internacionais preveem que

ultrapasse brevemente os 130%. Portanto, contra factos não há nenhuns argumentos!

Mas o Primeiro-Ministro perguntou-me — e eu tenho todo o gosto em esclarecê-lo mais uma vez — o

seguinte: o senhor quer mais défice? Sr. Primeiro-Ministro, o País já tem mais défice. O País já tem mais

défice consigo!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Tem menos!

O Sr. António José Seguro (PS): — Eu não queria mais défice — quem provocou mais défice foi o senhor

—, eu queria mais tempo. Sabe para quê? Para que o nosso processo de ajustamento fosse mais suave,

houvesse menos sacrifícios, menos dor e menos sofrimento.

A realidade dá-nos razão. E se eu aqui a invoco não é para colher louros, é para lhe dizer que o senhor é

responsável pelo maior aumento do desemprego da história democrática do nosso País.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, está totalmente

equivocado. Não há nenhuma resposta ideológica em procurar encontrar financiamento para o défice ou em

querer reduzir um défice quando se tem uma dívida demasiado pesada. Isso não tem nada de ideologia, Sr.

Deputado, é uma questão muito pragmática. E sabe qual é, Sr. Deputado? O senhor está fora de mercado,

tem uma quantidade finita de dinheiro para financiar a despesa pública e ou a despesa pública cabe no

financiamento que o senhor tem ou o senhor não a consegue financiar. É tão simples quanto isso. É muito

pragmático, Sr. Deputado, não se trata de ideologia alguma.

O que o Sr. Deputado não explica é onde vai buscar o financiamento para fazer o tal estímulo à economia

que defende. Onde é que vai buscar o financiamento, Sr. Deputado? Isso, o Sr. Deputado não esclarece.

Aplausos do PSD