27 DE JUNHO DE 2013
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Ainda não o conseguimos aliviar tanto quanto desejaríamos, que é uma coisa diferente, e daí a resposta
que dei ao Sr. Deputado António José Seguro. Nós ainda não eliminámos o défice excessivo que os
socialistas deixaram, mas vamos eliminá-lo. Todos os anos temos reduzido esse défice, que tem também sido
reduzido em termos estruturais, o que é muito importante, pois significa que esse é um resultado que pode
perdurar.
O segundo aspeto é o de que a economia portuguesa tem de se voltar mais para o exterior e não apenas
porque a procura interna está em queda. Sabemos que a procura interna teria sempre de contrair com
políticas de controlo orçamental e em tempos em que as famílias e as empresas teriam de reduzir o volume de
crédito disponível e, portanto, também de dívida. Era inevitável! E fazer isso em simultâneo é, realmente, uma
tarefa com muitos riscos, alguns dos quais se concretizaram em Portugal. Apesar disso, temos de olhar para a
frente e mostrar aos portugueses que o setor privado, em Portugal, embora à custa de um desemprego
imenso que temos de combater — mas temos de combater estruturalmente —, ajustou e voltou-se para fora,
razão por que nós já não temos necessidades líquidas em relação ao exterior, temos excedentes. Isso é
extremamente importante, deve-se aos portugueses e às empresas, como aqui referi, e é um motivo de
esperança. Não é uma constatação irrealista, é a constatação de que os sacrifícios que têm vindo a ser feitos
produzem os resultados que são indispensáveis para futuro.
Claro que nós sabemos que, em simultâneo, temos de fazer várias outras coisas. Como ainda há pouco
dizia, temos de pagar dívidas do passado.
Desde logo, temos vindo a diminuir a dívida a fornecedores a mais de 90 dias. Essa dívida representava,
em 2011, mais de 5000 milhões de euros; nesta altura, é sensivelmente inferior a 3000 milhões de euros.
Trata-se, portanto, de uma diferença muito importante que conseguimos regularizar. Isto é, o Estado fez aquilo
que devia, que foi pagar as suas dívidas, pagar aos seus fornecedores. E, mais: aproveitámos a transposição
de uma diretiva comunitária para tornar ainda mais claro o quadro de penalizações sobre a própria
Administração quando não cumpra a lei e não pague aos seus fornecedores.
Mas fazemos uma outra coisa, que o Partido Socialista tem atacado, que é a de dizer que isto não pode
voltar a acontecer e que, para futuro, não só temos de continuar a diminuir a dívida que temos aos
fornecedores, como não podemos permitir que as administrações as aumentem. E o que é que fizemos?
Criámos a chamada «lei dos compromissos», que significa que, no âmbito das administrações, ninguém pode
contrair dívida que não esteja, a cada prazo de 3 meses, devidamente cabimentada.
O Sr. António José Seguro (PS): — Isso é que é um erro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Isso significa, portanto, que não podemos, como no passado, jogar por conta
do futuro, convencidos de que, um dia, um Governo responsável possa vir para pagar as dívidas que se
contraíram.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas ao mesmo tempo que o Partido Socialista tem afirmado que é preciso pagar as dívidas que deixou aos
fornecedores também diz: «Mas somos contra a lei dos compromissos». Bem, mas, então, é contraditório,
porque se não evitarmos que novas dívidas sejam criadas, e é isso que a lei dos compromissos nos permite
fazer, então essa dívida vai crescer outra vez, como é evidente, porque ninguém tem de prestar contas, tendo
de haver, depois, um Governo que pague a fatura. Mas, na verdade, são os portugueses, são os países que
pagam as faturas, não são os Governos, e é isso que não queremos que volte a acontecer.
Fizemos também outra coisa, que foi disponibilizar à administração local instrumentos para que eles
próprios também possam, de alguma forma, regularizar essa dívida. E isso é importante, Sr. Deputado.
Aliás, aproveito para dizer que a administração central tem uma pequeníssima parte destes quase 3000
milhões de dívida. A grande maioria desta dívida está concentrada entre a administração local e a
administração regional e, sobretudo, em entidades públicas empresariais na área da saúde, que é a grande
dívida que foi herdada e que tem vindo a baixar — grande parte desta dívida é lá que está situada. Dos 3000
milhões de euros, temos, nas administrações públicas, excluindo, como referi, a administração local e a
administração regional, qualquer coisa como 130 milhões de euros, estando o resto, Sr. Deputado, cerca de