I SÉRIE — NÚMERO 105
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1000 milhões na administração local e cerca de 1061 milhões na administração regional. O resto, Sr.
Deputado, cerca de 900 milhões de euros, está em empresas públicas não reclassificadas, dos quais 858
milhões nos hospitais EPE.
Significa isto, portanto, que estamos a disponibilizar instrumentos. No caso da Região Autónoma da
Madeira, são 1100 milhões de uma linha de financiamento justamente para pagar aos fornecedores e também
há cerca de 1100 milhões para, com o PAEL (Programa de Apoio à Economia Local), as autarquias mais
endividadas poderem pagar as dívidas aos seus fornecedores.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Para entregarem dinheiro à Águas de Portugal!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Das dívidas da saúde já pagámos 1500 milhões, e vamos continuar a pagar.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Termino já, Sr.ª Presidente.
Estamos, portanto, a resolver o saldo que veio de trás e estamos, ainda, a criar instrumentos para que isto
não volte a repetir-se.
Mas, Sr. Deputado, há uma última questão a que devo responder se a Sr.ª Presidente me permitir, que é
esta: sabemos que não sairemos da crise amanhã, sabemos que vamos demorar vários anos a reduzir o
desemprego, sabemos que a retoma da economia será lenta e vagarosa, infelizmente, mas vai acontecer, e
vai acontecer porque estamos a lutar por ela. E é muito importante que quando, com convicção e
determinação, nos aplicamos no nosso trabalho isso possa gerar discordância em quem discorda, mas
respeito em quem sabe que estamos a resgatar o País da situação em que caiu e na qual não fomos nós que
o colocámos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, pelo Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ao longo desta tarde, tem estado a
dar-nos explicações sobre a atuação do Governo, dizendo-nos sempre que isto tem de ser assim, que não há
escolhas.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Há sim, senhora!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Disse até que não há outra forma de o fazer e que esta não é uma
resposta ideológica. Bem, esta resposta é, com certeza, ideológica e o caminho seguido na política, como em
tudo, é fruto de uma opção. E há uma opção do Governo que temos dificuldade em compreender e que
gostava que nos explicasse: o Governo decidiu não pagar os subsídios de férias aos trabalhadores e aos
pensionistas, decidiu não pagar, quando era devido, algo que não era seu, que é dos trabalhadores e de quem
contribuiu em toda uma vida de trabalho; no mesmo trimestre, o Governo decide pagar contratos
especulativos, contratos swap. Gostava que o Sr. Primeiro-Ministro nos explicasse como é possível que, face
a uma decisão do Tribunal Constitucional, que mandava pagar os subsídios, o Sr. Primeiro-Ministro não os
pague, mas que, face a pareceres jurídicos e financeiros, pedidos pelo próprio Governo, que aconselham ao
não pagamento dos swap, o Sr. Primeiro-Ministro os pague. Como é que explica esta escolha?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, não disse que não havia
escolhas. Há sempre escolha, há sempre alternativa, Sr.ª Deputada!