I SÉRIE — NÚMERO 105
18
A Sr.ª Presidente: — Peço ao Sr. Primeiro-Ministro que conclua, mas também às bancadas que diminuam
o grau de ruído que hoje se faz sentir na Sala.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas o líder do Partido Socialista merece o contraditório, portanto pedia aos
Srs. Deputados que lhe dessem essa oportunidade.
Sr. Deputado António José Seguro, aquilo que disse o Sr. Ministro das Finanças no primeiro trimestre é que
se vier a ser contabilizada pelo INE, como foi no ano passado, pelo Instituto de Estatística Europeu, a
operação no Banif de recapitalização com ações próprias, que vale cerca de 1,8% do défice do trimestre,
então é possível que o resultado final fique acima dos 10%. Mas, Sr. Deputado, quando o Partido Socialista
saiu do Governo essas operações não estavam contabilizadas, portanto esses valores não são comparáveis.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — E o Sr. Deputado sabe que não são comparáveis. Faça, portanto, o favor de
retirar esse valor e depois compare e informe o País do resultado, porque eu penso que o País vai gostar de
saber.
Mas, Sr. Deputado, vou dizer-lhe uma última coisa muito importante.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Terminarei, Sr.ª Presidente.
É que, Sr. Deputado, ao contrário do Partido Socialista, nós ainda andamos a pagar dívidas do passado. É
verdade!
Vozes do PS: — Oh!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — É verdade, só na saúde 1500 milhões de euros.
Andamos, pois, a pagar as dívidas que o Partido Socialista deixou de vários anos de governo. Mas vamos
pagá-las, Sr. Deputado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — O próximo orador é o Sr. Deputado Nuno Magalhães, do CDS-PP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, gostaria de dizer-lhe, ao
contrário do que até aqui pareceu, que este debate para nós ocorre num momento relevante para o País, para
os portugueses e, portanto, merecia, julgamos nós, alguma prudência em afirmações mais viradas para
interesses que, ainda que legítimos, não deixam de ser isso mesmo, isto é, interesses partidários pontuais.
Isto, Sr. Primeiro-Ministro, para dizer-lhe o seguinte: sabendo nós que estamos, como iremos, de resto,
discutir a seguir, em vésperas de um Conselho Europeu que pode e deve ser muito importante para a Europa
e também para Portugal, estando em vésperas também do início da oitava avaliação do nosso programa de
ajustamento, tendo estado 2/3 desse programa cumprido no dia seguinte à divulgação de dados sobre a
execução orçamental de maio, importa, a nosso ver, podermos arranjar formas e pontos de cumprir com aquilo
com que nos comprometemos, terminar de cumprir com a palavra que demos em nome de Portugal a
instituições internacionais e, ao mesmo tempo, paulatina, mas seguramente, e sobretudo de forma a que
permita dar um sinal de confiança e de estabilidade externo e interno, criar condições para que daqui a um
ano, como esperamos e desejamos, com a saída da denominada troica, possamos recuperar a nossa
soberania financeira e criar condições para termos o desejado crescimento económico.
Sr. Primeiro-Ministro, em março, abril, maio e junho foram várias as propostas anunciadas, mas, nos
últimos dias, o maior partido da oposição, o Partido Socialista, apresentou um conjunto de propostas que