29 DE JUNHO DE 2013
17
… que não me merecia essas intervenções por parte dos Srs. Deputados. Não merecia, tanto mais que
elas não correspondem à verdade, novamente.
Sr. Deputado Adão Silva, sei que é capaz de muito melhor. Foi infeliz, Sr. Deputado. Por isso, obriga-me a
que lhe recorde aqui o seguinte, até porque temos a memória muito fresca com o que aconteceu ontem: se
anteriormente os dirigentes das centrais sindicais e os trabalhadores portugueses dialogavam com o Governo,
um diálogo por vezes tenso, como é natural em democracia, o que é que o Governo que o Sr. Deputado apoia
teve ontem? Os trabalhadores numa greve geral convocada pelas duas centrais sindicais. E uma grande greve
geral, Sr. Deputado!
Aplausos do PS.
Se, antes, havia palavras e diálogo social, agora há trabalhadores nas ruas a exigirem mudança de política,
um novo rumo e até a saída do Governo. Foi infeliz, Sr. Deputado Adão Silva.
Para terminar, em relação à questão das «fitas» e das «tesouras», eu queria que o Sr. Deputado Adão
Silva e o Sr. Secretário de Estado lessem as competências que estão atribuídas e que podem ser exercidas
por um governo de gestão. Isso responde muito bem às questões que o Sr. Deputado aqui colocou sobre o
acordo tripartido e o que aconteceu a seguir. Leia as competências de um governo de gestão, Sr. Deputado.
Aplausos do PS.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Nos governos de gestão não há «tesouras»!
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, do Bloco de
Esquerda.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Entre troca de galhardetes, entre «fitas» e
«tesouras», concluímos que, afinal, havia tesoura. Há tesoura, e é uma tesoura maior, no que diz respeito ao
corte dos direitos, do que uma tesoura de cortar relva!…
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Eu queria referir-me ainda ao dia de ontem e a este namoro embevecido
entre o CDS e o PSD como forma de demonstrar que, afinal, estão tão unidos. Mas o que ontem os
trabalhadores e as trabalhadoras, os reformados e os estudantes, o País inteiro, vos disseram foi: é só mais
um empurrão para o Governo ir ao chão!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Nós achamos que só falta mesmo esse empurrão.
O Sr. Deputado do CDS dizia-nos aqui, muito triste, que, nos últimos 20 ou 30 anos, tínhamos construído
uma legislação de trabalho garantística e que isso tinha de acabar.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Rígida!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Ó Sr. Deputado, o percurso que o Direito do Trabalho fez nestes últimos 30
ou 40 anos foi um percurso na direção da dignidade do trabalho, de abandonar a consideração do trabalho
escravo, foi o recomeçar dessa mesma dignidade. Por isso é tão importante que o Direito do Trabalho balize
toda a sua conceção e arquitetura na defesa da parte mais frágil numa relação laboral.
O que os senhores aqui estão a fazer é, de facto, um corte nessa evolução, estão a fazer um ponto de
viragem para o retrocesso. Toda a vossa arquitetura de alteração das leis do trabalho nos remete para o