31 DE JULHO DE 2013
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integra este Governo —, o Governo tem um Programa que concertou a partir dos programas eleitorais e esse
Programa não está em causa.
Hoje, a moção de confiança que aqui apresento, como Primeiro-Ministro, não é uma moção que vise alterar
o nosso Programa do Governo,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … é uma moção de confiança que pretende esclarecer, neste momento
preciso que todos os portugueses entendem, a meio da Legislatura, aquelas que são as orientações mais
relevantes que vamos seguir até ao fim da Legislatura. E, para que nos concentremos no essencial, nessas
orientações, parece-me claro que, se queremos uma recuperação sustentada da economia, não podemos
aliviar o esforço que temos vindo a fazer de disciplina financeira, mas estamos agora noutras circunstâncias,
que não tivemos até aqui, para poder apostar numa recuperação económica que nos traga a sustentabilidade
que não tivemos, pelo menos desde que ingressámos no euro.
Ora, dentro dessa recuperação que pretendemos, o fator fiscal é essencial e, sabendo que pode haver,
nomeadamente no Partido Socialista, uma visão diferente das políticas públicas — é natural e saudável que
assim seja —, julgo, no entanto, ser possível estabelecer um entendimento, o qual é, seguramente, desejável,
quanto a um horizonte suficientemente largo para que o País (não este Governo em particular, mas o País)
possa ter uma economia fiscalmente mais competitiva. Para esse efeito, não podemos deixar de acolher as
propostas do Partido Socialista. Não quero, com isto, dizer que o Governo substituirá aquela que virá a ser a
sua proposta pela proposta do Partido Socialista, evidentemente, mas é importante que exista disponibilidade
de ambas as partes para chegar a um entendimento. Ora, chegaremos a um entendimento se fixarmos um
horizonte suficientemente confortável para estabelecer quer uma redução da taxa, quer uma nova modalidade
declarativa que permita aos investidores olhar para Portugal com outros olhos.
O convite que fiz aqui ao Partido Socialista e ao Secretário-Geral do Partido Socialista é reforçado. Não
precisamos de nos reunir de forma reservada para poder chegar a um entendimento; podemos fazê-lo na
Assembleia da República — aliás, é o local adequado para que se possa chegar a esse entendimento. Espero,
sinceramente, que o País não saia defraudado nesse objetivo.
Mas, Sr. Deputado, aproveito ainda para reforçar que há outras matérias em que também é importante
estabelecer entendimentos de longo prazo.
Há pouco, quando citava o Dr. Lobo Xavier, lembrei-me do Dr. Álvaro Santos Pereira,…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Ele também se lembra de si!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … quando dizia que gostava que tivéssemos uma taxa de IRC de 10%. Não
creio — e disse-o na altura — que esteja no nosso horizonte fazê-lo, mas não devemos desistir de lutar por
metas ambiciosas.
O mesmo se diga no que se refere ao contrato de parceria com a União Europeia e o mesmo se diga no
que se refere a um novo PREMAC (Plano de Redução e Melhoria da Administração Central), que leve ainda
mais longe a reforma das estruturas públicas ao nível do Estado.
Ora, nessa matéria, o Governo também quer afirmar aqui a sua disponibilidade para um entendimento de
largo prazo de modo a que não estejamos sempre a alterar estruturas da Administração, que elas possam
perdurar para além dos ciclos políticos.
Gostaria que, nesta matéria essencial, o Partido Socialista estivesse disponível para uma leitura de
entendimento quanto aos principais objetivos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimento é do PCP.
Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, tem a palavra.