I SÉRIE — NÚMERO 117
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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, na recente moção de censura,
o agora Vice-Primeiro-Ministro, Paulo Portas, afirmava, no encerramento do debate, que essa moção de
censura se tinha transformado numa moção de confiança. Afinal, não era verdade. Enganou-se, mais uma
vez.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Enganou-se!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Era preciso uma moção de confiança e, nesse sentido, como a
expressão que, seguramente, conhece, «quem prova de mais, prova de menos».
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Tinham de mostrar, cá dentro e lá fora, que um Governo feito em
cacos, uma maioria desconcertada, tinha de prosseguir, à viva força, a sua obra de demolição, conforme está
escrito no pacto de agressão e conforme determinam os mandantes do costume.
Numa operação onde não se entendeu bem onde acabava o ridículo e a comédia para começar a
tragédia,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … o Presidente da República, rompendo com os seus deveres e
obrigações institucionais, tomou partido para salvar um Governo com alguns dos seus membros em fuga, em
deserção e com muita confusão. Um Presidente da República que, num momento, datou a morte do Governo
por um ano e, passado uma semana, afirmou que, afinal, o Governo tinha condições para prosseguir a sua
ação até ao fim da Legislatura.
Valeu tudo! Valeu tudo para que o pacto de agressão seja levado até ao fim.
Sobre a remodelação, que é mais uma espécie de «remendação» governamental, que não resolve coisa
nenhuma, não quero fazer juízo de valor sobre as sombras deste ou daquele Ministro agora afirmado, mas há
uma coisa que é sabida, Sr. Primeiro-Ministro: uma figueira-brava nunca dá bons frutos,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … mesmo enxertada nunca dá bons frutos, porque na sua raiz, na
sua seiva está uma política de destruição, de aumento da exploração e de empobrecimento dos portugueses.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma outra questão importante tem a ver com a afirmação feita pelo
Sr. Primeiro-Ministro de que vai abrir-se um novo ciclo. Mas, como assim? Explique lá, Sr. Primeiro-Ministro,
que novo ciclo é esse, quando aqui referiu como condição e obstinação fundamental prosseguir o pacto de
agressão, que define uma política económica, social e financeira que constitui um espartilho para a nossa
economia e para a nossa independência.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Naturalmente, este Governo foi apaparicado e protegido pelo
Presidente da República, porque precisava de mais tempo. De mais tempo, como já se viu, logo no corte do
subsídio de desemprego e de doença, no novo ataque aos direitos dos trabalhadores, em particular dos
trabalhadores da Administração Pública, na continuação da alienação do património público por via das
privatizações… Precisam de continuar essa política de destruição com este Governo.
Mas o Governo tem o tempo que tem, Sr. Primeiro-Ministro. Aliás, a proposta de Orçamento do Estado
para 2014 vai mostrar a face crua dos objetivos deste Governo.