12 DE OUTUBRO DE 2013
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natural no território nacional decorra sempre em condições que assegurem a salvaguarda da segurança das
pessoas e do ambiente.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Relativamente às
propostas que estão em discussão sobre o gás de xisto e do que já tive oportunidade de ouvir, gostaria de
dizer que é importante não criar expetativas que depois não correspondem à verdade. É que alguns Srs.
Deputados, nas suas intervenções, até davam a entender que a extração de gás de xisto pode fazer diminuir a
nossa dependência do petróleo, o que não é verdade, porque não substitui o petróleo. Designadamente com a
política de transportes que os sucessivos governos têm implementado e continuado, numa brutal dependência
do petróleo, não resolvemos, por esta via, essa matéria. Este é um primeiro ponto que é importante esclarecer.
Foi também dito que não há nenhuma perspetiva, para já, de exploração de gás de xisto no nosso País.
Pois, mas quando é que vamos tomar conta da matéria? Quando a exploração já existir? Quando a licença e
os direitos de exploração já forem efetivos?
Neste momento, em Portugal, há prospeção na zona Oeste. Portanto, a porta está aberta. A qualquer
momento, podemos ser confrontados com pedidos de direitos de exploração. Depois é que vamos todos
acordar para a matéria? Não. Há que ter cautela, precaução e prevenção e, por isso, consideramos que a
discussão desta matéria é extraordinariamente importante.
Diz o Sr. Deputado António Prôa, do PSD, que estamos a falar de uma matéria que ninguém conhece.
Esse foi um erro da sua intervenção, Sr. Deputado. Justamente por não se conhecer é que não se pode
caminhar de olhos vendados.
Gostava de dizer ao Sr. Deputado o seguinte: não há nenhum estudo a nível mundial que assegure a
inocuidade da extração deste hidrocarboneto e, portanto, do gás de xisto. Por outro lado, na última década,
tem-se avançado de olhos vendados e a prática é que tem demonstrado aquilo que estudos científicos já
podiam ter feito. E a prática demonstra que há efeitos bastante nocivos e riscos bastante graves para a
humanidade e para o ambiente.
Sr. Deputado, quando falamos nesta extração de gás não convencional, por via dos métodos não
convencionais da perfuração horizontal e da fratura hidráulica, o que verificamos é que são utlizadas
enormíssimas quantidades de água. Num contexto de escassez de água, o Sr. Deputado quer depender
menos, ao nível energético, do exterior, mas, depois, vai comprar água potável ao estrangeiro?
Sr. Deputado, estou a falar de uma situação hipotética, mas são cautelas que temos de ter, porque a
degradação de água potável é um problema. E porque é que falo da degradação da água potável? Porque há
sérios riscos de contaminação, como já houve no Brasil e nos Estados Unidos, que levaram, justamente, à
suspensão da extração, e que são coisas extraordinariamente preocupantes.
Outra questão extraordinariamente preocupante tem a ver com as toneladas de produtos químicos
utilizados para a fratura hidráulica. Os riscos sísmicos, como já foram comprovados pela prática no Nordeste
de Inglaterra…
O Sr. António Prôa (PSD): — Sim, sim!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O Sr. Deputado diz que sim a tudo, mas depois, pelos vistos,
nada o preocupa, como é o caso da libertação de metano, que é um gás com efeito de estufa muito mais
grave, ao nível dos seus efeitos, do que o próprio CO2! Estamos, pois, a falar de coisas extraordinariamente
graves, pelo que importa a aplicação do princípio da precaução.
Não foi por acaso que o Sr. Deputado se referiu ao contexto europeu. Há países, na Europa, que já
aplicaram uma moratória concreta relativamente à extração de gases de xisto, porque ponderaram os efeitos
económicos e ambientais e consideraram, face ao conhecimento atual, que os efeitos ambientais comportam
um risco que não é compensado, digamos assim, pelo efeito económico. Falo, designadamente, da França e