24 DE OUTUBRO DE 2013
27
Portanto, é verdade que enquanto devermos dinheiro temos explicações a dar a quem nos emprestou o
dinheiro, mas é evidente que não estaremos limitados na nossa autonomia financeira como estamos enquanto
vivermos sob o efeito do Programa de Assistência Económica e Financeira.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Ministro, a explicação que deu foi brilhante: enfim, pode ser que
sim, pode ser que não, talvez…
Risos do PCP e do BE.
Portanto, ficamos com esta resposta precisa e concisa do Sr. Primeiro-Ministro, que replicou com uma tripla
às questões colocadas.
Sr. Primeiro-Ministro, a propósito do Banif, e porque o referiu, o senhor está em condições de garantir que
este caso não se irá transformar num novo BPN? Apesar das diferenças — quero aqui sublinhar que o Banif
não se trata de um caso com contornos de polícia —, o senhor está em condições de garantir que os
portugueses não vão ser chamados de novo a pagar um outro buraco num banco?
Dos 1100 milhões que recebeu do Estado, quanto é que o Banif já devolveu? E o que é que o Governo já
exigiu quanto à devolução desse dinheiro?
Sabe, Sr. Primeiro-Ministro, muitas vezes fazemos críticas duras, denunciamos a natureza da vossa
política… Um Governo que foi tão célere a cobrar aos desempregados…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … e aos doentes os respetivos subsídios é o mesmo que tem mãos
largas, mãos rotas para os amigos. Isso tem um nome concreto: é uma política para servir os grandes, os
poderosos, atacando quem menos tem e menos pode!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É por isso mesmo que consideramos que o que este Governo está a
fazer é o Estado mínimo para quem trabalhou ou quem trabalha e o Estado máximo para os poderosos, para o
grande capital. Isso é que marca a natureza deste Governo.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, lamento discordar,
francamente, do tom que empregou quanto às questões da recapitalização bancária, dizendo que o Governo
tem mãos grandes para os amigos.
Ó Sr. Deputado, não tenho amigos…
Risos do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não admira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — …, não tenho amigos no Banif.