24 DE OUTUBRO DE 2013
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Em segundo lugar, em sentido negativo, resultam de encaixes financeiros que o Estado tem vindo a
realizar com operações de médio e de longo prazo no financiamento da dívida pública, que estão em depósito
no Banco de Portugal ou no IGCP. Isto significa que são disponibilidades que nós lá temos e que não estamos
a usar por prudência, mas, no dia em que as usarmos para fecharmos posições e obrigações que se vencem,
elas abatem à dívida pública.
Em terceiro lugar, por efeito da redução do próprio Produto, que é o efeito contabilístico de denominador;
não significa que mais dívida tenha sido emitida.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é óbvio!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Em quarto e último lugar, pelo valor do défice público que é ocasionado em
cada ano. Aí, Sr. Deputado, o nosso objetivo é estancar esse processo, o que será validado quando
conseguirmos ter excedentes orçamentais.
Porém, para que isso aconteça, Sr. Deputado, ainda temos trabalho a fazer no que respeita à diminuição
da despesa. Mas concordará comigo quando digo que ela é necessária justamente para que o rácio da dívida
pública possa entrar numa fase descendente, como está previsto que aconteça a partir de 2014, e não
continuar a aumentar, como aconteceu até aqui!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, retiro a parte dos amigos, mas
não retiro a pergunta, porque não me respondeu quanto é que o Banif devolveu ao Estado em relação aos
compromissos que assumiu.
Mas gostaria de colocar-lhe uma última questão, mesmo sabendo que não tem tempo para me responder,
sobre o facto de termos assistido a manifestações de justa indignação das populações do interior do País, que
todos os dias veem desaparecer serviços públicos essenciais para o seu viver e importantes, também, para
garantir emprego nas suas terras. Depois de escolas, de centros de saúde, de tribunais, são as repartições de
finanças que o Governo pretende encerrar — mais de centena e meia.
Dou-lhe um exemplo, que é próximo da sua terra de origem: em Valpaços, com o encerramento de
repartição, as pessoas terão de ir a Vila Real. Sabe bem quanto é que isso custa.
Em Portalegre, das 14 repartições sobrarão 2; em Beja, das 14 repartições sobrarão 2; e temos também o
exemplo de Évora.
Poderíamos dar aqui vários exemplos que demonstram, afinal, que com este Governo já não se é só
penalizado por razões de origem social, mas também pelo sítio onde se nasceu.
Sr. Primeiro-Ministro, o que é que ganha o País com esta política de desertificação do interior? Porquê esta
cegueira que varre tudo e todos, independentemente das consequências? Que conceção tem o Sr. Primeiro-
Ministro da coesão social e territorial deste País?
Sr. Primeiro-Ministro, é por isso que nós dizemos tantas vezes que esta política tem de ser interrompida e
este Governo travado, senão dá cabo do resto.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Termina aqui a pergunta do PCP.
Tem agora a palavra, por Os Verdes, a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria fazer aqui um ponto
prévio, porque ouvi neste debate, pela boca do Sr. Deputado Luís Montenegro, uma das coisas mais
inacreditáveis que tive a oportunidade de ouvir no decurso desta Legislatura.
A páginas tantas da sua intervenção, o Sr. Deputado Luís Montenegro disse que centenas de milhares de
pessoas caíram no desemprego e perguntou, em boa voz: «E quantos eram funcionários públicos?».