I SÉRIE — NÚMERO 13
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Então, concluiu que para haver justiça e equidade, se no setor privado há desemprego, na função pública
os trabalhadores também têm que ir para o desemprego!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Não, não!
Vozes do PSD: — Não disse isso!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Disse, Sr. Deputado!
Ora, Sr. Deputado e Sr. Primeiro-Ministro, neste caso, o que compreendi é que à desgraça acrescenta-se
desgraça! Ou seja, em vez de o Governo criar um programa para combater o desemprego no setor privado,
designadamente por via de medidas que alavanquem a economia, faz exatamente o contrário: a sua lógica de
equidade é pegar numa boa massa de funcionários públicos e lançá-los igualmente no desemprego!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Isso é mentira!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ó Sr. Primeiro-Ministro, com este Governo, este País, de facto,
tornou-se uma fábrica de criação de desemprego, e isto é da pior injustiça possível.
Sr. Primeiro-Ministro, queria também dizer-lhe, com toda a frontalidade, que este Governo não tem
nenhuma lealdade. São inúmeros os exemplos que aqui poderíamos dar — e já os demos em sucessivos
debates —, mas não sei se o Sr. Primeiro-Ministro se lembra de dizer, há tempos, que determinadas medidas
transitórias eram para durar só até ao final do Programa de Assistência. De facto, aquilo que o Sr. Primeiro-
Ministro e este Governo fazem é assim!
Um desses exemplos é o dos cortes salariais de 2011, que ainda perduram. Então, o que é que o Governo
faz? Acaba com esses cortes salariais e substitui-os por outros ainda mais gravosos, os quais são aplicados a
rendimentos partir dos 600 €!
Ó Sr. Primeiro-Ministro, isto não é, de facto, uma absoluta falta de lealdade e de verdade para com o País?!
É que criam-se expetativas que depois se frustram completamente!
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, temos uma expetativa muito
forte a que queremos corresponder, que é a superação da emergência financeira e económica em que
vivemos. Ela tem um custo social muito elevado e essa é a razão pela qual estamos totalmente determinados
em vencê-la.
As medidas que têm vindo a ser executadas ao longo de dois anos e meio em matéria de despesa pública,
as quais, portanto, envolvem também os rendimentos de terceiros que trabalham para o Estado ou que são
pensionistas do Estado (é disto que estamos a falar), inserem-se nesse objetivo global, que é o de saber como
é que cada uma das áreas pode contribuir para a superação da emergência económica e financeira e para o
equilíbrio das contas públicas.
Sabemos que é um equilíbrio difícil de fazer, porque temos de conseguir, ao mesmo tempo, não esmagar a
economia com impostos, mas também pôr todos, toda a área privada, a dar um contributo para a recuperação
das nossas contas públicas. Mas também não podemos deixar a própria área pública de fora, e essa foi a
razão por que mantivemos uma medida que foi aprovada pelo Governo anterior para 2011, que foi a redução
salarial.
No novo quadro de emergência não havia condições para remover essa medida, razão por que a temos
mantido todos os anos, e este ano, para 2014, entendemos que era importante alargar a base dessa medida.
Protestos do PS.
Mas, repare bem a Sr.a Deputada que isso não acontece por acaso. Em 2012, suspendemos os 13.º e 14.º
meses. Uma vez que essa política não foi validada em termos constitucionais, tivemos de encontrar um
substituto para ela. E o substituto que encontrámos foi, numa parte, aumentar o IRS para toda a gente — e,