I SÉRIE — NÚMERO 15
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Constituição, se esteja a destruir o País e a comprometer o nosso futuro coletivo, com as políticas que têm
vindo a ser seguidas por este Governo e pelos sucessivos Governos. Não queremos aceitar, e não
aceitaremos, umas privatizações que sejam mais bonitas ou mais bem feitas, queremos que as funções
sociais do Estado, as funções económicas do Estado e os serviços públicos continuem nas mãos de todos
nós, continuem nas mãos do País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma nova intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Em primeiro lugar,
quero dizer ao Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo que é verdade ser importante definir o que é o domínio
público, mas é importante defini-lo exatamente para o proteger e não para o poder privatizar ou concessionar.
É esse o objetivo e, portanto, a definição de domínio público visa proteger o domínio público da sua
privatização, porque, ao contrário do que as bancadas do CDS e do PSD entendem, a privatização dá mau
resultado, dá piores serviços com maiores preços. O único resultado bom que tem, na vossa visão, é o de
mais lucros para grandes grupos económicos.
Os Srs. Deputados da direita falam muitas vezes do enviesamento da economia portuguesa relativamente
às atividades não transacionáveis e em como isso causou um endividamento comercial do País, das famílias,
da economia, mas nunca vão ao fundo da questão. Qual é a causa do enviesamento da economia portuguesa
relativamente aos não transacionáveis? É que os grandes grupos económicos portugueses, em vez de
investirem em atividades produtivas, aliaram-se ao setor financeiro para tirar do Estado rendas fáceis, porque
é muito mais fácil explorar a água, que é um monopólio natural, a eletricidade, que é um monopólio natural, do
que produzir qualquer coisa em mercado. Portanto, aqui têm um bom exemplo da razão por que a economia
portuguesa tem um enviesamento relativamente aos não transacionáveis e não exporta tanto. Esta é a razão:
um setor privado que vive das rendas oferecidas pelo Estado e que nada faz pela exportação ou pelo equilíbrio
comercial da economia.
Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Não falamos aqui de nenhuma demanda do Bloco de
Esquerda contra o privado: ao privado, o que é privado; ao público, o que é público. Os senhores é que têm
um problema com o que é público e tentam destrui-lo. Esta é a diferença.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, concluímos o debate, na generalidade, do projeto de lei n.º 464/XII
(3.ª).
Vamos, agora, proceder à apreciação conjunta dos projetos de resolução n.os
794/XII (2.ª) — Recomenda
ao Governo que proceda às obras de remodelação e eletrificação da Linha do Algarve (Os Verdes) e 855/XII
(3.ª) — Recomenda ao Governo que promova as medidas necessárias à requalificação da via férrea do
Algarve (BE).
Para apresentar o projeto de resolução de Os Verdes, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes apresentam
hoje à Assembleia da República uma recomendação ao Governo para que proceda às obras de remodelação
e eletrificação da Linha do Algarve.
Como as Sr.as
e os Srs. Deputados sabem, e porque, repetidamente, o temos afirmado aqui, no Plenário da
Assembleia da República, e não só, Os Verdes consideram de importância extrema a modernização e
valorização do património ferroviário convencional. É uma questão extraordinariamente relevante,
designadamente para efeitos de combate às alterações climáticas e, portanto, para efeitos ambientais, mas
também para efeitos de mobilidade das populações, para efeitos económicos e de dinâmica das regiões. São
justamente estas as razões que nos levam, hoje, a focar-nos sobre a região do Algarve.
O certo é que muitas promessas têm sido feitas relativamente à requalificação da linha ferroviária do
Algarve. Sabemos que o troço Lagos-Tunes e o troço Faro-Vila Real de Santo António estão obsoletos —