I SÉRIE — NÚMERO 16
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Por muito que isto o divirta, Sr. Primeiro-Ministro, isto é uma desgraça nacional que a vossa política
apresenta ao País e que vai ter a resposta com a luta de quem trabalha!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem ainda a palavra, para uma pergunta ao Sr. Primeiro-Ministro, o Sr. Deputado
Virgílio Macedo.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, todos os Orçamentos
são difíceis, mas este, mais do que difícil e austero, é o mais decisivo de todos, já que permitirá a Portugal
concluir o seu Programa de Ajustamento e recuperar a sua soberania financeira.
Mesmo sendo um exercício duro e exigente, não deixa de refletir equidade e justiça social.
Muito se tem dito, e também mentido, sobre uma eventual não repartição justa e equitativa dos sacrifícios
pedidos, nomeadamente entre pequenas e médias empresas e as grandes empresas.
Chegou a hora da verdade e, por isso, embora o Sr. Primeiro-Ministro já tenha abordado algumas destas
matérias, dada a sua relevância, quero ainda colocar algumas questões.
Será que a contribuição extraordinária sobre a produção e a energia, a qual não pode ser repercutível nas
tarifas de eletricidade e de gás pagas por todos os consumidores, foi criada para beneficiar as grandes
empresas?
Será que o reforço do imposto extraordinário sobre o setor bancário teve como objetivo beneficiar os
bancos, ou teve como objetivo repartir o esforço de ajustamento orçamental com as empresas de maior
capacidade contributiva?
Será que a manutenção de uma taxa de imposto adicional a título de derrama estadual é uma medida que
vai onerar as PME ou vai pedir um esforço adicional às empresas com lucros mais elevados, nomeadamente
3% a quem tiver lucros superiores a 1,5 milhões de euros, e 5% a quem tiver lucros superiores a 7,5 milhões
de euros?
Será que a criação de um regime simplificado de IRC para pequenas empresas, o qual poderá abranger
74% do nosso tecido empresarial, visa ou não diminuir os seus custos de contexto, através da determinação
da sua matéria coletável com base em critérios mais objetivos e mais ajustados à sua realidade, libertando-as,
por exemplo, dos pagamentos especiais por conta? Esta medida é ou não mais justa e adequada à dimensão
dessas empresas?
Sr. Primeiro-Ministro, para terminar, pergunto se julga serem justas e corretas as acusações que muitas
vezes são feitas quer a este Orçamento quer a este Governo de que existe um benefício e uma proteção às
grandes empresas e aos grandes contribuintes, em detrimento dos pequenos contribuintes e das pequenas e
médias empresas?
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Fica assim concluída esta ronda de perguntas.
Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, dado dispor de pouco tempo para responder, respondo aos
Srs. Deputados em conjunto e de forma sintética, pelo que peço desculpa.
Gostaria, em qualquer caso, de fazer, desde já, uma observação preambular. É que, infelizmente, mantém-
se a observação de que é mais fácil olhar para a realidade do que transformá-la e a tentação de ver os
defeitos das políticas do passado nas dificuldades por que passamos é também frequente quando se trata de
perspetivar o futuro. Não é, no entanto, o exercício que quero fazer.
Quero dar a garantia aos Srs. Deputados de que o Governo está empenhado em conseguir, neste
Orçamento do Estado, e, portanto, no ano de 2014, com a sua execução, atingir as metas a que se propôs. É
assim que se começa, não pode ser de outra maneira: todos os anos conseguir perspetivar um
desenvolvimento que esteja de acordo com as tendências que queremos prosseguir.