1 DE NOVEMBRO DE 2013
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Srs. Deputados, Srs. Jornalistas, está reaberta a sessão.
Eram 15 horas e 10 minutos.
Vamos prosseguir com a discussão, na generalidade, das propostas de lei n.os
177 e 178/XII (3.ª).
Lembro aos Srs. Deputados — foi assim acordado — não só que o tempo que estiver negativo no quadro
eletrónico será descontado no tempo disponível para o dia de amanhã mas também que as intervenções serão
feitas pela seguinte ordem: PS, PSD, CDS-PP, PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes.
Pelo PS, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista vota contra a
proposta de Orçamento do Estado apresentada por este Governo.
Este é um Orçamento de reforço da austeridade: mais défice, mais dívida, mais desemprego, mais
desigualdades, mais pobreza, menos investimento, menos rendimento disponível e, no plano económico,
atrofia do potencial crescimento da economia e das exportações.
Este Governo transformou o Programa de Ajustamento num programa de empobrecimento dos
portugueses.
Aplausos do PS.
Há razões acrescidas para a crítica e a rejeição do Orçamento do Estado para 2014: um cenário
macroeconómico irrealista; ausência de políticas ativas de emprego; investimento praticamente inexistente;
apoios e incentivos ao sector exportador pouco ou nada relevantes; aumentos indiscriminados de taxas,
impostos e contribuições; manutenção do IVA da restauração; o Banco de Fomento — uma promessa sempre
adiada; benesses fiscais às grandes empresas; concentração dos cortes e da punção fiscal nos setores mais
desfavorecidos e mais frágeis da população.
Este Orçamento do Estado não tem uma estratégia de médio nem sequer de longo prazo.
Aplausos do PS.
Resumindo, Sr.as
e Srs. Deputados: Um Orçamento que será, uma vez mais, inimigo do crescimento, do
emprego, da justiça social, verdadeiramente um Orçamento inimigo das pessoas, das famílias e da classe
média e incapaz de desenhar uma estratégia nacional de desenvolvimento justo e sustentável.
Este não é nem o Orçamento de que o País precisa nem o Orçamento que os portugueses merecem após
tantos anos consecutivos de sacrifícios, de cortes, de esforço e de empobrecimento.
Há, por isso, fortíssimas razões para votar contra o Orçamento do Estado para 2014.
Desde logo, a reincidência do Governo na apresentação de medidas que violam a Constituição da
República, que é, como sabemos, o nosso pacto de cidadania e de organização social.
Quando o Governo concentra especialmente as novas medidas de austeridade sobre pensionistas e
funcionários públicos, reincide na afronta à exigência de igualdade na repartição dos encargos públicos e
parece convocar deliberadamente nova censura do Tribunal Constitucional.
Esta atitude de confronto e tentativa de eleger este órgão de soberania como o bode expiatório ou passa
culpas da incompetência do Governo é um comportamento político intolerável que merece a reprovação —
sim, a reprovação — de todos os democratas.
Aplausos do PS.
Os cortes agora previstos nas pensões constituem uma afetação sensível do direito à pensão e,
porventura, a afronta mais grave ao princípio da proteção da confiança legítima, própria do Estado de direito.
Pessoas que tinham a sua situação jurídica como pensionistas perfeitamente estabilizada, a quem o
Estado tinha atribuído uma pensão calculada de acordo com as normas em vigor no momento em que