I SÉRIE — NÚMERO 16
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adquiriram definitivamente o respetivo direito, que programaram o resto das suas vidas em função deste
pressuposto de rendimento mensal, veem agora o cálculo da pensão retroativamente afetado, com perda
sensível do montante auferido.
O objetivo e a justificação reais desta afetação dos direitos dos pensionistas são, apenas e só —
desgraçadamente —, a da obtenção de fundos à custa de camadas da população mais indefesas e à mercê
da discricionariedade governativa, mas, por isso mesmo, a respetiva constitucionalidade deixa as maiores
dúvidas.
Este é um Orçamento inaceitável!
É um Orçamento da discriminação social, uma vez que o Governo apresenta novamente uma proposta de
Orçamento que contém um brutal aumento seletivo dos impostos, ou seja, com a agravante de incidir sobre
um sector e uma classe de cidadãos e de trabalhadores.
Não há equidade nem sensibilidade social quando a maior fatia cabe às famílias que pagarão cerca de
60% do esforço de austeridade em 2014. Repito: 60%. Trata-se de uma indignidade social. O Governo
«carrega» sempre sobre os mesmos, ao mesmo tempo que, sob a capa da competitividade da economia,
acaba por folgar os grandes grupos económicos e lançar um ataque cerrado às pensões de sobrevivência.
Este é também o Orçamento do conflito social. Deliberadamente, o Governo divide os cidadãos, atira
portugueses contra portugueses, penaliza cruelmente trabalhadores do sector público e reformados, incentiva
irresponsavelmente o conflito geracional, estimula a inveja social e a desunião na sociedade portuguesa.
Por outro lado, é, como sabemos, um Orçamento contra o Estado social e as suas funções. Esta é uma
proposta de Orçamento claramente contra o Estado social, contra a educação, saúde, proteção social, contra
estas funções sociais e contra os funcionários públicos.
Aplausos do PS.
Pela terceira vez consecutiva este Governo apresenta um Orçamento que insiste numa receita que falhou
rotundamente, como reconheceu Vítor Gaspar e todos os ex-ministros das Finanças da direita, que
comprovadamente atrofiou o potencial de crescimento da economia e que impôs sacrifícios inúteis e colossais
à maioria dos portugueses.
Por último, mas não menos importante, há neste Orçamento, como em todos os anteriores Orçamentos
apresentados por este Governo, uma tentação pelo uso abusivo do poder, pelo confronto com as instituições e
com os outros órgãos de soberania, pela incapacidade de compreender que em democracia todo o poder é
limitado, numa palavra, este é o Orçamento de um governo incapaz de compreender que a legitimidade
democrática supõe, e exige, a legitimação social e a legitimidade constitucional.
Aplausos do PS.
O Orçamento do Estado para 2014 põe os portugueses — e especialmente uma parte dos portugueses —
a pagar a fatura de um Governo incompetente e antissocial. Esta nova vaga de austeridade é a consequência
direta dos fracassos e da instabilidade política congénita deste Governo.
O Governo conseguiu a proeza de apresentar um Orçamento de que não há memória na democracia
portuguesa. Um Orçamento de recessão, de agravamento das desigualdades e de aprofundamento da
desagregação social, do empobrecimento, da fragilização do consenso democrático.
Este é um Orçamento sem estratégia de crescimento, sem estratégia de desenvolvimento sustentável ao
nível social, ambiental, territorial, sem políticas de emprego, um Orçamento sem sequer um mínimo ético de
justiça social e, como já foi dito, de forma lapidar, pela Professora Manuela Silva, este é, e cito, «um
Orçamento que empobrece o presente e hipoteca o futuro».
Aplausos do PS.
Este é, também, um Orçamento que procura a evolução do País à margem da necessidade da discussão
da sustentabilidade das dívidas públicas soberanas no quadro da reforma da União Europeia e num quadro de
maior envolvimento dos nossos parceiros europeus num processo que a todos envolva na renegociação de