2 DE NOVEMBRO DE 2013
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Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo PSD/CDS sabia,
desde o início, que não seria pacífica a concretização de uma política que, para satisfazer os interesses do
capital financeiro e dos grupos económicos, impunha aos trabalhadores medidas brutais de agravamento da
exploração, de extorsão de rendimentos, de aumento de impostos e empobrecimento generalizado, de
desmantelamento e reconfiguração do Estado à medida dos interesses do capital.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — O Governo PSD/CDS sabia que o programa político que tinha para executar
enfrentaria a resistência e a luta dos trabalhadores e do povo e, por isso, tem desenvolvido e aprofundado o
argumentário de chantagem, de mistificações e de falsidades com que ao longo dos últimos dois anos tem
procurado responder à intensificação e ao desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo.
Este Orçamento do Estado mantém o País convenientemente à beira do desastre económico e social para
que, a coberto de um designado segundo resgate, programa cautelar, ou qualquer outra designação que se
lhe queira dar, se mantenha a mesma política que hoje se aplica em nome da troica.
Cada corte na despesa referido neste debate é um corte na democracia e é contra esses cortes e em
defesa da democracia que lá fora, às portas desta Assembleia da República, se reúnem milhares de
manifestantes exigindo um rumo diferente para o País.
Com este Orçamento do Estado votado em dia de finados, ninguém estranharia que os sinos dobrassem à
hora da votação pela democracia que daqui sairá mutilada. E poderíamos até responder ao povo, que lá fora
exige democracia, com a frase que inspirou Hemingway para o título de uma das suas obras: «Não perguntes
por quem dobram os sinos, eles dobram por ti».
Mas nós, comunistas, preferimos o desenlace da história e confirmaremos também, neste debate
orçamental, que, enquanto houver quem lute, há esperança.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e
Srs. Deputados: O debate que aqui travámos ao longo destes dois dias de discussão orçamental foi um debate
claro, foi um debate clarificador sobre as propostas e os objetivos orçamentais do Governo e da maioria e foi,
do meu ponto de vista, um debate que correu muitíssimo bem para o Governo e para a maioria e que correu…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mal para o País!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … não digo como para o maior partido da oposição.
Este, como foi aqui explicado, foi o primeiro debate deste Governo e desta maioria, em que são registados
sinais de recuperação económica, e também o último Orçamento do Estado deste Governo e desta maioria
sob condição e na presença da troica.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Nesse sentido, trata-se de um Orçamento do Estado libertador, porque
liberta o País do Programa de Assistência e da presença da troica, e nenhum destes factos é irrelevante.
Os sinais positivos na economia que, surpreendentemente, parecem causar enorme incómodo, quando não
a tentativa de negação absoluta da sua existência por parte do maior partido da oposição — ainda ontem
ouvimos dizer é «sol de pouca dura», «vai terminar», «não vai continuar» —, são factos que têm enorme
significado e enorme importância. Representam que podemos estar, ao fim de 11 trimestres, 1000 dias, como