I SÉRIE — NÚMERO 21
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Estamos confrontados com a era do crédito escasso e sabemos que as dívidas nos interditam à criação de
novos défices.
Mas partimos de uma base comum: todos queremos um Estado mais transparente e menos consumidor de
impostos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
No Portugal renovado importa salvar um Estado social que não desminta a Constituição mas que não
comprometa as gerações vindouras. Reformá-lo é a única forma de o proteger.
Nas políticas sociais, sobretudo na saúde e na educação, precisamos de um Estado que garanta o
fornecimento de serviços públicos de qualidade, num quadro de opção individual, assegurando que ninguém
deixa de lhe aceder por razões económicas.
Importa manter e suplantar os índices de acesso ao ensino superior.
Há que salvaguardar o Estado autónomo e a soberania plena no quadro que envolve hoje as nações de
uma Europa maior.
O Estado seguro é essencial para a vida em comunidade, tal como o Estado administrador da justiça e de
bens públicos, mas ainda o Estado ambiental e do ordenamento equilibrado.
Temos um País que pulsa no Litoral e que conhece a desistência no Interior. Não descobrimos isso agora.
Mas temos falhado nas soluções para um desenvolvimento mais coeso e homogéneo do território, o que
prejudica a igualdade de oportunidades.
Do mesmo modo, precisamos de humanizar as cidades, também elas envelhecidas, na ausência de uma
reabilitação urbana consequente.
Com o apoio do poder local, precisamos de aprofundar a descentralização, gerando novos polos, em
harmonia ambiental.
Defendemos um Estado onde a cultura, o património e a língua são valores que permanecem usados e
velados.
Queremos um Estado que potencie a presença de Portugal no mundo. Continuamos vulneráveis à situação
europeia, que escolhemos, e ao contágio de uma realidade global, que não escolhemos.
Estamos, por isso, a trabalhar mais fora da Europa, dispersando dependências. A lusofonia continua a ser
um espaço natural para a troca de cultura, comércio e conhecimento.
Falta-nos explorar a riqueza do fundo dos mares, a localização estratégica dos portos, a zona económica
exclusiva e, de novo, a ciência.
Neste Orçamento do Estado para 2014, incentivamos a internacionalização dos jovens licenciados em
áreas com apetência para a expansão das nossas empresas nos mercados externos e privilegiamos Portugal
como polo de impatriação de quadros qualificados, capitalizando a legislação fiscal nesse sentido.
Precisamos de encontrar um Portugal renovado também no modelo económico, tendo em conta a evolução
da natalidade e do envelhecimento e a desproporção do binómio consumidor/produtor.
Acreditamos que há um País novo que quer construir um Estado respeitador das iniciativas da sociedade,
intervindo como regulador dos sistemas e da provisão dos bens públicos.
Nos Governos que nos antecederam tivemos taxas de investimento público acima da média da zona euro.
Mas o que podia ter sido valioso para a economia ficou marcado pelo insucesso da fórmula «mais consumo-
maior dívida-crescimento anémico-desemprego crescente».
Este Governo herdou um modo de vida em que o Estado gastava e o País endividava-se. Mas a nossa
capacidade de endividamento chegou ao fim e os portugueses têm de pagar.
Para baixar impostos temos de ultrapassar desequilíbrios, regenerar hábitos, sanear contas e, assim,
alcançar um desenvolvimento sustentado, no primado do bem comum.
Sr.ª Presidente, Sr. Deputados: o Parlamento cumpre hoje uma das suas funções mais relevantes. O
Orçamento do Estado, que aprovaremos dentro em pouco, remete-nos para a responsabilidade de os
Deputados acompanharem a sua execução ao longo do ano.
2014 será a esquina do tempo que nos liberta da hipoteca da soberania. Temos de estar aptos para voltar
aos mercados e para sermos donos do nosso destino.