I SÉRIE — NÚMERO 23
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Referi a matéria e disse claramente que não tínhamos conhecimento de que efetivamente houvesse
procedimento encerrado e decisão definitiva da Comissão Europeia no sentido de obrigar Portugal, como
qualquer outro país onde há procedimento encerrado, a devolver seja que dinheiro for.
Mas, por outro lado, permita-me, a propósito da sua questão, recordar um aspeto e clarificar uma situação
que tem vindo recorrentemente a ser afirmada, mais uma vez, com falsidade.
Neste processo, o Sr. Ministro começou por dizer que o problema se referia às ajudas ilegais de Estado
atribuídas aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, entre 2006 e 2011. Recordam-se, Srs. Deputados do
PSD? Esta foi a primeira narrativa: ajudas ilegais de Estado atribuídas aos Estaleiros Navais de Viana do
Castelo, entre 2006 e 2011.
Insistimos que assim não era e combatemos essa afirmação, dizendo que o horizonte era mais alargado.
Ora, quando, em abril de 2013, foi publicado no Jornal Oficial da União Europeia o procedimento aberto a
Portugal exatamente sobre esta matéria — o texto descritivo e justificativo desse procedimento e os quadros
que sustentavam estas questões —, pasme-se o que sobre ajudas de Estado consideradas irregulares aí
consta, no Quadro I, de que já hoje falámos! O que se diz, no Quadro I, Srs. Deputados Carlos Abreu Amorim
e José Luís Ferreira, é que, desses 180 milhões de euros, 101 milhões de euros dizem respeito ao período
correspondente ao ano de 2012 e foram atribuídos à Empordef, tendo sido ainda hoje confirmado pelo Sr.
Ministro de que se trata de necessidades de conversão e de aval de empréstimos e de manutenção da
atividade dos Estaleiros Navais. Esta é que é a realidade.
Mas não criticamos isto. Se o Governo teve capacidade para financiar, durante o ano de 2012, os
Estaleiros Navais de Viana do Castelo, ainda bem que o fez. Pena é ter desistido desse percurso e de
recuperar esta empresa.
Que fique, então, claro, de uma vez por todas, esta questão, de como é que foram distribuídos, ao longo
dos anos, estes 181 milhões de euros!
Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, registo e agradeço a sua intervenção, mas não posso estar minimamente
de acordo com a sua afirmação, aliás, recorrente, de que isto é um passa culpas do PS para o PSD, de que as
culpas são do PSD e do PS.
Afirmei várias vezes, em vários fóruns e em vários momentos, que o Partido Socialista assume as suas
responsabilidades, de menos sucesso e de alguns falhanços, na gestão daqueles Estaleiros, no período em
que foi Governo, entre 2005 e 2011 — naturalmente, assumimo-las.
Mas, há pouco, também referi — e a senhora sabe — que o contexto da conjuntura económica
internacional, o problema da própria crise da construção naval, a competitividade e a ferocidade da
concorrência dos estaleiros asiáticos, para além de alguns problemas de gestão e de outros problemas que há
que aduzir a esta questão, é que constituíram, esses sim, os principais fatores que levaram às dificuldades
sentidas e a alguns erros cometidos.
Agora, o que o PS fez, nestas circunstâncias — e a senhora faça justiça em relação a esta matéria —, foi
procurar encomendas, foi tentar manter os Estaleiros em atividade, foi procurar reformá-los e revitalizá-los.
Esta foi a postura que tivemos, durante o período de 2005 a 2011. Mas essa não foi a postura do PSD. E,
assim como nós assumimos as nossas responsabilidades, é importante que o Partido Social Democrata e o
CDS-PP assumam o desastre da sua decisão. É que isto, sim, é um verdadeiro desastre: encerrar a empresa,
despedir a totalidade dos trabalhadores e concessioná-la a uma organização, da qual não conhece o plano de
negócios, da qual não conhece a verdadeira situação financeira, da qual não conhece as verdadeiras
intenções sobre a contratação de pessoal. É que a contratação de pessoal por parte da nova empresa, esta
dizia, ontem, que iria contratar 400 trabalhadores em três anos, hoje de manhã, seriam 400 trabalhadores
imediatamente e, logo (já foi dito ontem, mas logo confirmar-se-á), serão provavelmente 1000 trabalhadores a
muito curto prazo.
Portanto, isto é uma situação muito baralhada. Mas, Sr.ª Deputada, faça-nos justiça, assumindo nós
responsabilidades naquilo que não correu bem, mas também a determinação e a vontade de lutarmos por
manter aquela empresa em atividade.
Sr.ª Deputada Carla Cruz, concordo plenamente consigo — aliás, as suas intervenções de hoje, de uma
forma geral, não me deixaram qualquer tipo de discordância. Efetivamente, aquilo que frisa, e muito bem, e
critica, de forma insistente, é esta decisão, este final, este resultado perfeitamente inaceitável e incompetente
deste Governo, de encerrar aquela empresa e não fazer esforço rigorosamente nenhum para tentar viabilizá-