I SÉRIE — NÚMERO 23
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professores, como, por exemplo, a exigência de exame nacional a Português e a Matemática para aceder a
estes cursos.
É uma medida que, julgamos, contribuirá para atuar na qualidade de formação dos nossos professores,
uma área fundamental para o sucesso dos alunos, como ainda ontem a OCDE reiterou e onde reformas do
passado já deram resultados concretos.
Mas tão importante como o objetivo específico desta prova e desta política, queremos salientar ter-se
conseguido um entendimento, mais um, com a UGT, permitindo que o Governo e estes sindicatos
aproximassem as suas posições, dirimissem as suas divergências e chegassem a um ponto mínimo de
consenso. E é nisso que hoje queremos focar-nos.
E não podemos deixar de o dizer: quer na educação quer na área laboral, quer um pouco por todas as
áreas da governação, é bom para o País que tenha sido possível, por vezes, encontrar entendimentos —
neste caso, com a UGT, mas não só, é justo dizê-lo —, o que demonstra uma capacidade, quer desses
sindicatos quer do Governo, em partir para os vários dossiers com espírito de abertura. E consideramos que
esse espírito de abertura é salutar e mesmo vital para obter este tipo de acordos.
Este espírito de abertura, aliás, contrasta quer com a postura de outros governos no passado quer com a
postura de outros sindicatos no presente, que mantêm uma absoluta intransigência no diálogo.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Só convidaram uns!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — É evidente que não ajuda a que possa constituir-se um clima de
concertação que muitas vezes se meçam ao milímetro supostos avanços e recuos nestas negociações. Aliás,
o resultado final de uma negociação não deve e não pode ser entendido como um triunfo de um dos lados
sobre o outro. Por definição, um acordo tem de satisfazer as duas partes, ainda que ambas possam, depois,
no fim, considerar que outra solução teria sido melhor.
Mas também é verdade que quem parte para uma negociação com uma posição irredutível não está a
negociar coisa nenhuma, não ajuda à concertação, não promove o diálogo e o consenso e, em última
instância, não produz resultados.
Por isso, não podemos apoiar essa postura. O que apoiamos, sim — e apoiámos e incentivámos junto do
Governo, nesta e noutras matérias —, é que exista capacidade para consensos, sempre que esses não
ponham em causa a essência das reformas que o Governo precisa de fazer, nesta altura de dificuldade.
Dificuldade, aliás, que dá até mais relevo à existência de acordos, sempre que seja possível.
Sabemos também que nem sempre é possível encontrar um acordo, que, por vezes quem representa os
trabalhadores tem justamente, tendo em conta aqueles que representa, de defender determinadas posições
até ao fim — compreendemos isso. Como também compreendemos que o Governo não possa acompanhar
essas posições quando entende que estão em causa matérias estruturais, algumas delas, aliás, decorrentes
de compromissos internacionais. Mas, repetimos, isso não quer dizer que, à partida, o espírito de abertura não
seja essencial para encontrar um acordo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Na verdade, o que sucessivos acordos, nesta e noutras áreas, entre o
Governo e alguns sindicatos demonstram e comprovam é que a abertura leva à mudança e à obtenção de
avanços, enquanto a intransigência promove ruturas e não obtém qualquer resultado.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Se o Governo procura a paz social, melhorando as suas propostas
onde é possível, os sindicatos que vão ao diálogo obtêm também melhorias para aqueles que representam. E
o que se verificou esta semana é que foi possível, mais uma vez, com a UGT — neste caso, até a pedido
específico desta —, encontrar um entendimento entre o Governo e uma grande central sindical.
Acreditamos que essa abertura honra ambos os lados e contrasta com a intransigência a que por vezes
assistimos. O que este processo mostra, sobretudo, é que Governo e sindicatos podem bem entender-se,