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5 DE DEZEMBRO DE 2013

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sacrifícios atrás de sacrifícios e não conseguem ver resultados, não conseguem ver os tais sinais positivos,

não conseguem ver a tal luz ao fundo do túnel que só o Governo diz estar a ver.

Sucede que, apesar dos ditos sinais positivos, as coisas estão cada vez piores. Os portugueses continuam

a empobrecer e a dívida continua a aumentar, tornando-se cada vez mais insustentável.

Aliás, a operação de gestão da dívida pública que o Governo acaba de fazer, remetendo para 2017 e 2018

a amortização que deveria fazer em 2014 e 2015 de títulos de dívida pública de 26 000 milhões de euros, é

não só a prova cabal da insustentabilidade da dívida como ainda mostra os propósitos do Governo de

acentuar a insustentabilidade da dívida, uma vez que o valor das taxas de juro a pagar pelo nosso País fica,

com esta operação, ainda mais agravado.

O Governo quer tapar um buraco que ajudou a abrir. Mas para o fazer acaba por abrir um buraco ainda

maior para os que vierem a seguir tratarem. É, portanto, pior a emenda que o soneto. E assim, claro, não

vamos a lado nenhum!

Diga o Governo o que disser, a verdade é que não há nenhum povo que consiga pagar a sua dívida se não

produzir. Porque um povo que não produz, não cria riqueza. E um povo que não cria riqueza não consegue

pagar dívidas. Não há volta a dar!

Ora, nós não estamos a produzir. O Governo não consegue perceber que se não produzirmos não temos

condições de pagar a dívida.

Além disso, o Governo também não percebe que, para colocar o País a produzir, não basta fazer grandes

discursos, não basta fazer grandes apelos e grande apostas, como foi a aposta do mar.

Diz o Governo que mar é um recurso que tem de ser potenciado, que temos de potenciar o mar e a nossa

indústria naval, mas depois faz o que fez com os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, o que vai remeter

mais 609 trabalhadores para o desemprego e deixar cair um potencial de desenvolvimento.

O Governo não percebe que é necessário investimento público de qualidade para pôr a economia a mexer.

Diz o Governo que não há dinheiro para o investimento. E agora perguntamos nós: mas não há dinheiro

porquê? Porque o que há é para pagar juros. Então, renegoceie-se a dívida, para termos alguma folga, para

podermos respirar e colocar a economia a mexer, para pôr o País a produzir e dessa forma criar riqueza e

criar as condições para pagar a dívida.

Isso, sim, seria pensar nos portugueses. Isso, sim, seria pensar no País.

Mas o Governo pretende continuar o seu caminho, hipotecando cada vez mais o nosso destino coletivo,

como fez agora com esta operação de gestão da dívida pública, vinculando o Estado a mais compromissos

desastrosos que apenas dão resposta à gula dos especuladores do costume, os mesmos que continuam a

engordar à custa dos sacrifícios impostos aos portugueses.

Este não é certamente o caminho para o País. Este também não é certamente o Governo que os

portugueses merecem.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Galamba.

O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Sr. Deputado Paulo Sá, queria

começar corrigindo uma coisa que disse na sua intervenção. Não foi o PCP o primeiro a falar de restruturação

da dívida em 2011; foi o Sr. Secretário de Estado Carlos Moedas que, em maio de 2010, disse que era

necessário ir junto dos credores dizer que Portugal não estava em condições de devolver mais do que 60 ou

70 dos 100 que devia.

Portanto, honra seja devida ao Sr. Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro por, em maio de

2010, se ter antecipado ao PCP na defesa da necessidade de restruturar a dívida, porque se tal não

acontecesse era — cito-o — «a morte do País».

Aparentemente, depois de se ter tornado Secretário de Estado, o Eng.º Carlos Moedas já não pensa assim.

Mas caberá a ele explicar a esta Câmara o que mudou no seu pensamento.

O Governo tem festejado esta operação de troca de dívida por razões que são difíceis de entender.

Vejamos: o Governo reduziu a dívida? Não! Limitou-se a trocar, mantendo exatamente o mesmo montante. O

Governo reduziu juros? Não! Os juros estão em linha com o que se paga para emissões a cinco anos no