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5 DE DEZEMBRO DE 2013

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qual já nos habituámos! A única forma que este Governo conhece para resolver problemas é pagando mais à

banca. É assim nas PPP, foi assim nos swaps. Esta é a forma de este Governo resolver problemas.

Mas foi um mau negócio, Srs. Deputados. O Governo comprou dívida aos bancos acima do valor de

mercado, acima do que ela valia em mercado, e depois vendeu dívida nova, do mesmo valor, abaixo do valor

de mercado. E os bancos lucram!

E fez pior: a nova dívida emitida, que foi vendida abaixo do valor de mercado com desconto, paga mais

juros, durante mais tempo! Só em 2014 e 2015 falamos de mais 300 milhões de juros!

Portanto, não resolveram problema nenhum! Esta restruturação não resolve problema nenhum!

E não podem dizer que reduz as necessidades de financiamento, porque a única coisa que faz é empurrar

as necessidades de financiamento de 2014 para 2018. E neste tempo até 2018 garante que se paga muito

mais à banca em juros. Portanto, é um ótimo negócio para a banca, um péssimo negócio para o Estado!

A única coisa que esta operação mostra, Sr.as

e Srs. Deputados, é o fracasso da política de austeridade.

Mostra o fracasso de um Governo que não consegue pagar a sua dívida nos termos em que disse que ia

pagar e, portanto, tem de reestruturar a favor da banca. Mas mostra também outra coisa: mostra a falta de

coragem de quem nunca enfrenta a banca e aceita pagar mais e sempre contra os interesses do seu País, dos

seus trabalhadores e da economia.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Pelo CDS-PP, inscreveu-se, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Pinho de

Almeida.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as

e Srs. Deputados: É, de facto, recorrente o debate, neste Parlamento, do tema da sustentabilidade da dívida

pública. É normal que um País que tem a nossa situação debata essa sustentabilidade.

O que acontece é que o grupo parlamentar que mais vezes traz esse debate a este Parlamento tem

sempre uma posição muito especial. Já vamos analisar qual é a posição que tem do ponto de vista teórico e

qual é, depois, a execução prática que dá a essa mesma posição.

Poderíamos considerar que há duas formas de encarar essa sustentabilidade: a dos partidos que

entendem que a sustentabilidade da dívida passa por conseguir, por um lado, ir pagando a dívida que se

vence e, por outro, gerir o pagamento de obrigações futuras em diálogo com os nossos credores e há quem

entenda que se deve fazer de forma unilateral e com um rompimento com os nossos credores.

São duas posições igualmente legítimas; num caso e noutro tem de discutir-se quais são as consequências

de uma ou de outra posição.

O Partido Comunista faz sempre uma coisa muito simples: faz o diagnóstico, a seguir diz qual é a solução,

mas abstém-se completamente de discutir quais são as consequências dessa discussão. Portanto, como o

Partido Comunista ainda dispõe de tempo neste debate, era bom que nos dissesse qual seria a consequência

da posição unilateral que sustenta. Quanto é que o PCP pensa que a desvalorização cambial seria, do ponto

de vista de uma renegociação unilateral que trouxesse Portugal a uma situação limite em que pudesse sair do

euro? É que não podemos entrar numa posição unilateral, ignorando as consequências possíveis dessa

posição. Está o PCP disponível para discutir a desvalorização cambial resultante de uma estratégia dessas

lado a lado com aquilo que é normalmente imputado pelo PCP, ao chamado empobrecimento, que atribui ao

Plano de Assistência Económica e Financeira?

Então, pesemos os dois. O PCP fala aqui abundantemente dos problemas de financiamento das PME.

Então, que diga o PCP como é que as PME se iriam financiar depois de uma posição unilateral como essa do

Estado português que levasse a uma situação extrema de conflito com as instituições de crédito e com as

instituições europeias e internacionais, com quem o Estado português iria romper!

As PME, de quem o PCP fala — e bem! —, iam financiar-se como?

Do ponto de vista das instituições bancárias, os Srs. Deputados criticam a recapitalização. Ora, o que é que

acontecia aos bancos numa situação destas? Como é que os bancos, que também têm dívida pública

portuguesa, iriam sobreviver a uma situação dessas? Recapitalizavam-se outra vez com dinheiros públicos ou