5 DE DEZEMBRO DE 2013
13
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostava de
perguntar à Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro se considera que uma operação de troca de dívida em que o
juro contratado é superior à taxa de juro implícita de toda a dívida que já temos e superior ao juro a que nos
financiamos hoje aumenta ou piora a sustentabilidade da dívida.
Já agora, o juro é também superior à «taxa Machete» — os tais 4,5% —, é superior à taxa da troica, é
superior ao stock de dívida pública que temos hoje e, portanto, perante estes números, é difícil não concluir
que isto agrava e não melhora a sustentabilidade da dívida pública.
Peço, pois, à Sr.ª Secretária de Estado, que ainda dispõe de algum tempo, que faça um comentário sobre
esta matéria.
Em segundo lugar — o Partido Socialista já perguntou isto várias vezes ao Governo, mas aproveitamos
para fazê-lo novamente —, de acordo com dados do próprio Governo, a principal variável que determina, hoje,
a dinâmica da dívida pública não é o défice orçamental mas, sim, a recessão e a diferença entre juros
nominais e taxa de crescimento nominal do PIB.
Pergunto: qual é a política do Governo que responde a este problema? O Partido Socialista entende que
não é nenhuma, mas gostávamos de ouvir a opinião do Governo.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª
Secretária de Estado: Há aqui uma certeza, independentemente do que podemos dizer, que é a de que vamos
pagar mais e durante mais anos pela mesma dívida pública.
Obviamente que a sustentabilidade da dívida pública, que já não era assegurada antes, está em causa e
fica ainda mais agravada. Aliás, é o facto de o Governo saber que não consegue financiar nos mercados o
montante de que necessita no próximo ano que o leva a fazer esta operação e a tomar esta decisão de pagar
mais.
Gostaria de propor aos Srs. Deputados das bancadas do CDS e do PSD e também à Sr.ª Secretária de
Estado que imaginassem a seguinte situação: uma família que tem problema económicos e que, por ter
problemas económicos, está com dificuldades em pagar a próxima prestação do seu empréstimo à habitação.
Como está com dificuldades e não a pode pagar vai ao banco. E o banco diz: «Tudo bem, adiamos o próximo
pagamento, mas só e apenas se vocês pagarem mais, durante mais tempo e se, em vez de pagarem 3%,
pagarem 5%.» A família aceita.
O que eu gostava de lhe perguntar, Sr.ª Secretária de Estado, é se isto é um gesto de confiança e uma
história de sucesso ou se, pelo contrário, é uma história de submissão e de desespero.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-
Ministro.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro (Carlos Moedas): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e
Srs. Deputados: Estamos aqui hoje para debater a sustentabilidade da dívida, mas dado que fui citado pelo Sr.
Deputado João Galamba sem contexto,…
O Sr. João Galamba (PS): — Bem citado!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro: — … abro um parêntesis para explicar o texto
a que ele se referia.