5 DE DEZEMBRO DE 2013
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O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta
discussão é recorrente e é importante, sem sombra de dúvida.
O PCP vem aqui, hoje, defender que a dívida pública portuguesa é insustentável, o PCP defende a política
do «não pagamos» ou do «pagamos assim-assim»,…
Protestos do PCP.
… mas o PCP não diz aos portugueses quais são as consequências do «não pagamos» e como é que
Portugal financiaria as suas necessidades.
O PCP, sistematicamente, em todas as discussões, vem defender o aumento de despesa pública. Não
apoia a redução de despesa pública, mas, depois, não afirma como é que financia a despesa.
Nesta matéria, o Governo fez a sua obrigação, tendo atuado sobre o stock de dívida, sobre a dívida pública
e sobre liquidações que Portugal tinha de efetuar em 2014 e em 2015. Ficou claro, ao longo deste debate, que
foi isto que o Governo fez, e fez bem!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Esta operação surpreendeu pela positiva e superou as espectativas que
existiam sobre a capacidade de Portugal efetuar uma operação com estas características. Aliás, quem lê os
jornais e os artigos dos analistas percebe que isto é verdade.
A verdade é que as emissões de dívida ao longo de 2013 têm provocado o maior interesse dos investidores
estrangeiros, o que representa um indicador muito claro sobre o entendimento relativamente à política de
consolidação das finanças públicas que Portugal tem vindo a prosseguir.
A verdade, também, é que foi este Governo, como já aqui foi dito hoje, que controlou o crescimento
exponencial de dívida pública a que tínhamos assistido durante a vida do anterior Governo.
É preciso dizer-se, em nome da verdade, para que não haja mais dúvidas, nem demagogia, nem
afirmações falaciosas como hoje aqui se ouviram, que a gestão do stock de dívida, a gestão das datas de
liquidação desses empréstimos, a gestão das necessidades de Portugal financiar em cada momento ocorrerá
sempre, sempre, independentemente do prazo de vigência do Programa de Ajustamento.
Portugal terá sempre de fazer a gestão de stock de dívida, não tem que ver com o Programa de
Ajustamento: fez no passado, fará hoje, fará daqui a um ano, daqui a dois anos, daqui a 10 anos. Esta
consciência tem de existir, não pode haver qualquer dúvida; qualquer entidade, uma empresa, um particular,
um país, uma câmara têm de a ter.
Por exemplo, há dias, ouvimos o Presidente da Câmara Municipal de Loures dizer «estamos a arrumar a
casa». Ora o «estamos a arrumar a casa» aplica-se completamente ao Governo português.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
Protestos do PCP.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, alguns
partidos da oposição apenas têm uma visão noturna da realidade. Essa visão noturna da realidade não é o
que nós precisamos; precisamos de uma nova visão para Portugal, uma visão que venha da esquerda, que
venha do Partido Socialista, que venha do PCP. Em nome da verdade, também é preciso dizer-se que, hoje, o
PS teve alguma moderação. Aliás, o Sr. Deputado do Partido Socialista que usou da palavra não transmitiu —
é a minha perceção, mas posso estar errado — a sua opinião sobre esta matéria; foi um bocado mais leve,
mas ainda bem que assim é.
Esperamos vir a ter, no futuro, uma oposição mais assertiva e com pensamento estratégico — é isso que
se pretende. A visão noturna que a oposição tem hoje sobre a realidade não é o que o País pretende.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.