I SÉRIE — NÚMERO 23
20
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Farmhouse.
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, agradeço-lhe ter trazido
o tema da XIX Conferência das partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
Gostaria de afirmar aqui, mais uma vez, que o Partido Socialista, tal como no passado, defende todas as
medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas que foram sendo desenvolvidas, tal como uma
economia de baixo carbono e a promoção de uma economia verde.
Mas gostaria de ouvir a opinião da Sr.ª Deputada sobre alguns aspetos desta Conferência, que tão poucos
resultados teve, além de acordarem no sentido de tentar estabelecer um acordo, em 2015, em Paris.
A primeira pergunta que gostaria de colocar à Sr.ª Deputada é a de saber se apenas teremos assistido a
objetivos frustrados e a algumas desilusões, mas os resultados das negociações em Varsóvia permitirão que
se alcance um acordo histórico, em Paris, em 2015, conforme se propõe para esta conferência de novembro.
A segunda questão, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, é a de saber se partilha da opinião da Sr.ª Comissária
Europeia, Connie Hedegaard, de que Varsóvia nos mostrou que seremos capazes de alcançar um resultado
ambicioso em 2015, ou seja, se o percurso acordado nesta Conferência de Varsóvia permitirá chegar a 2015
com um acordo para que a limitação das emissões entre em vigor em 2020. Será um bom caminho que os
diferentes Estados deixem de assumir compromissos — e esta é uma questão fundamental sobre aquilo que
se passou em Varsóvia — e passem apenas a dar contributos para as metas globais da redução de
emissões? Esta é também uma questão pertinente, no âmbito do que se passou em Varsóvia, quanto àquilo
que deviam ser compromissos e, por força dos países mais poluidores, passaram a ser apenas contributos.
Isto não poderá ser um entrave a que se chegue, em Paris, em 2015, ao tal compromisso que todos
desejamos que aconteça, a bem do planeta terra?!
Gostava também de saber se vê com bons olhos a partilha de responsabilidades por todas as nações, por
todos os países do mesmo modo ou qual é o contributo que entende que cada um tem de dar nesta matéria e,
em particular, neste caso, de Portugal, um dos países mais suscetíveis ao fenómeno da imprevisibilidade
climática no espaço europeu, além, obviamente, de o aumento da temperatura criar condições para
fenómenos meteorológicos extremos, de secas, de inundações, de tempestades bastante complicadas para a
sobrevivência do planeta.
Por último, gostaria também de saber a opinião da Sr.ª Deputada sobre o papel das organizações não-
governamentais neste processo de chegarmos a um compromisso para lutar pelos fenómenos de alterações
climáticas e o abandono da Conferência, que produziu um efeito tão frágil e tão mínimo em relação àquilo que
se esperava que fosse possível alcançar em Varsóvia.
Mas, acima de tudo, e na perspetiva de França 2015, gostava de saber qual é a expectativa da Sr.ª
Deputada sobre o papel que pode ser desempenhado, neste aspeto, por Portugal e pela União Europeia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do CDS-PP.
Sr.ª Deputada Margarida Neto, faça favor.
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, começo por cumprimentá-la por ter trazido aqui matérias tão importantes como a das alterações
climáticas e da COP19 (19.ª Conferência das Partes).
Todas as Conferências das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
são, por tradição, encontros suscetíveis de gerar grandes expectativas, acompanhadas intensamente por
todos e em particular pelas centenas de organizações mundiais que aí se deslocam, para fazer valer a sua
posição e as suas motivações históricas e atuais, bem como salvaguardar os seus interesses particulares na
gestão deste grave problema, que é o ambiental global.
Assim, a nossa missão em Varsóvia passava por aprovar, sem hesitações nem retrocessos, um plano de
atividades para 2014 e 2015 que identificasse o trabalho de casa e o respetivo calendário a cumprir por parte